As comodidades e apetrechos do mundo digital melhoraram muito a nossa vida. Mas cuidado: a tecnologia trouxe consigo um lado sombrio! Muita gente está viciada nela e não consegue ficar um minuto sem teclar. Para entender melhor isso, conversamos com Larry Rosen, professor da Universidade da Califórnia e autor do livro IDisorder (IDoenças, em tradução livre, sem edição em português). Ele contou que é cada vez mais comum encontrar gente com doenças tecnológicas “capazes de comprometer até o cérebro”. Nem sempre o celular ou o computador são os únicos culpados. A compulsão pode esconder também problemas psicológicos, segundo Ana Luiza Mano, psicóloga do Núcleo de Pesquisas em Informática da PUC-SP. A seguir, você vai conhecer os mais comuns e aprender a se livrar deles definitivamente.
Conheça as doenças
Síndrome do toque fantasma: Já verificou seu celular quantas vezes hoje? Sentiu tocar e não era nada? Se sim, você sofre da Síndrome do Toque Fantasma. Segundo Larry Rosen, ela acontece porque quando você quer pegar seu telefone são enviados os mesmos sinais neurológicos da coceira. No caso, é a sensação eterna de que o celular está tocando.
Nomofobia: O smartphone é quase uma extensão do seu corpo e você tem pavor de ficar sem acesso a ele? Então, você sofre de nomofobia. “As pessoas estão cada vez mais ansiosas sobre não perder nada ‘importante’. Na maioria das vezes, é uma conversa com alguém”, diz Rosen. Pode ser ainda o vídeo postado pelo grupo.
Cibercondria: A junção das palavras cyber e hipocondria dá nome ao transtorno. Basta digitar em um site de busca o que você está sentindo, que recebe, em segundos, as causas e os tratamentos da suposta doença. Além de não ser confiável, essa informação pode levar o internauta a se automedicar. Então, cuidado com o que você acha na rede!
Disfunções sexuais: Deixar o notebook no colo mata espermatozoides? Ainda não há consenso. Segundo o urologista Celso Marzano, o principal dano que a tecnologia causa à vida sexual acontece quando o casal substitui o sexo real pelo virtual. “Isso pode gerar cobrança pela transa e corpo perfeitos, interferindo na autoestima dos parceiros.”
Problemas na coluna e mãos: Segundo a fisioterapeuta Ana Paula Catardo, a tecnologia pode causar problemas, como dor cervical com irradiação para toda a cabeça; projeção para frente, mudando o centro de gravidade; e vícios posturais. O movimento repetido por mais de 15 minutos sem alongar é capaz de causar até tendinite.
Memória afetada: Nós delegamos à internet muitas tarefas que seriam do nosso cérebro. Em vez de lembrar da informação, sabemos onde encontrá-la e vamos procurar. “É importante estimular o cérebro a aumentar sua capacidade de memorização”, diz Larry. Assim, você exercita seus neurônios e não fica refém dos aparelhos.
Use o celular com consciência
Janaína Gomes da Silva, fisioterapeuta, ensina a aproveitar os recursos sem se prejudicar:
- “Os principais problemas são causados por movimento e esforço repetitivos, pois a pessoa usa o celular constantemente e todos os dias da forma errada”, alerta. O certo é manter o bom senso: evite a inclinação excessiva do pescoço quando estiver mexendo no aparelho.
- Outra dica é segurá-lo com apenas uma das mãos e digitar com a outra, usando somente o dedo indicador. Dessa forma, você não sobrecarrega seus polegares.
- Ao usar o aparelho, aproxime-o do rosto na altura dos olhos para não inclinar a cabeça.
Quatro maneiras de driblar as doenças
- Faça intervalos a cada 90 minutos. Após esse período, o cérebro fica sobrecarregado e precisa de uma pausa. O importante é ficar longe da tecnologia por, ao menos, 15 minutos. Isso vai fazer com que sua mente mude o foco e fique mais tranquila.
- Mantenha a coluna ereta no computador e não o deixe sobre o colo! Além disso, procure fazer alongamentos nas pausas. O celular também é o campeão dos problemas nas costas: evite contorcer-se enquanto mexe nesse aparelho.
- Uma forma de parar de reagir automaticamente às tecnologias eletrônicas é ensinar nosso cérebro a ficar longos períodos sem checar o mundo virtual. Esse exercício é excelente para isso. Olhe todas as suas mensagens e programe um timer para 15 minutos. Deixe o celular com a tela virada para baixo. Quando o alarme tocar, verifique novamente suas notificações por apenas um minuto. Depois repita tudo novamente. Tente aumentar, gradativamente, o tempo que você se mantém afastada do aparelho. Assim, aos poucos, conseguirá diminuir sua ansiedade quando estiver distante do mundo virtual.
- Nada de checar as redes sociais na cama! É essencial tirar toda a tecnologia de perto pelo menos uma hora antes de dormir. Nem deixe o celular na cabeceira. Dr. Larry diz que as pesquisas mostram que o uso da tecnologia antes de dormir impacta o sono de forma ruim. E dormir é essencial para a saúde do cérebro e o aprendizado.
Não largo o meu por nada…
Aos 17 anos, Lorena Gomes é vítima de fortes dores nas costas e ombros por causa de seu grande companheiro: o celular. Apesar de ser irmã da fisioterapeuta Janaína, ela fica até 14 horas por dia mexendo no aparelho e não se afasta dele por nada. “Sinto falta se não está nas minhas mãos”, diz. A adolescente também confessou que já sentiu as vibrações fantasmas algumas vezes. A família não curte esse hábito porque o vício está afetando a concentração da garota nos estudos e atrapalhando as notas.
Usado de forma racional, o celular é um aliado e tanto na correria do dia a dia. O problema é quando o hábito vira dependência e, depois, vício!