Umas mais, outras menos, mas em algum momento toda criança pequena desobedece, faz birra, dá chilique e chora aos berros. Ô aflição… O pior é que qualquer coisa pode ser o gatilho para uma crise dessas…
A banana que ela sempre adorou comer, de um dia para o outro, vira a pior coisa do mundo. Você tenta daqui e dali entrar num acordo e nada funciona. Pudera: às vezes, nem elas sabem a razão do chororô. Apesar de a situação ser sempre angustiante, os papais e mamães podem ficar tranquilos: é só uma fase. Conhecida como “terrible two”(terríveis dois anos, em inglês), ela
também é chamada de “adolescência do bebê”. Começa geralmente aos 2 anos e vai até os 3, mais ou menos.
“Nessa fase, os pequenos têm mais independência motora, se comunicam melhor e possuem o vocabulário rico. Por isso, passam a ter um comportamento mais rebelde, pois querem tomar decisões e fazer tudo sozinhos”, explica a psicóloga Christine Bruder, diretora
do berçário Primetime Child Development (SP). Segundo a especialista, o segredo é manter-se firme e não perder a cabeça. Eis
outras orientações:
Eu quero, eu posso, eu vou!
De acordo com Christine, a partir dos 2 anos a criança começa a notar algumas diferenças entre as pessoas, a apresentar características e vontades pessoais e a entender sobre as relações humanas e como o mundo funciona. “Alguns desses desejos, no entanto, são repreendidos pelos pais, deixando-os frustrados e, consequentemente, com vontade de fazer birra e gritar para conquistar o que querem”, esclarece.
Cadê o meu bebezinho fofo?
Até ontem, ele deixava os pais colocarem os sapatos, escovava os dentes numa boa, dava a mão pra atravessar. De repente, tudo mudou. A criança passa a contrariar toda e qualquer ordem dos adultos, pois quer ser independente. Apesar de demonstrarem
autonomia, não dá pra esquecer que estamos falando de crianças muito pequenas, cujos sentimentos oscilam. “Às vezes, ela se sente capaz de fazer tudo sozinha. Pouco tempo depois, age como se fosse um bebê que precisa de colo e de ajuda pra tudo”, diz.
Conte até 10, pois se descabelar não resolverá nada!
Esse é mesmo um período bem conturbado para algumas famílias. Muitos pais se sentem perdidos, sem saber o que fazer. Coisas do dia a dia, que costumavam ser simples e resolvidas sem nenhum estresse, tornam-se momentos desafiadores. Por mais difícil que seja, o ideal é não gritar, não bater e não oferecer recompensas, pois não irá resolver. Segundo Christine, quando a criança se recusar a obedecer ou começar a dar chiliques, os pais precisam manter-se firmes e não ceder às vontades dela. “Se forem juntos
para o shopping ou supermercado, combine com seu filho o que vão fazer lá e já adiante o que você pode ou não comprar. Assim, evita que ele faça showzinhos, como gritar, bater o pé no chão e se debater porque quer algo.” Se mesmo assim ele fizer escândalo na frente de todo mundo, mantenha a calma e converse com ele, de maneira curta e objetiva. Se for necessário, saia do local e vá pra casa. Saiba que o comportamento dos pais nessa fase é importante para o bom desenvolvimento sócio-emocional da criança.
“Valorize sempre as conquistas dela e elogie quando cumprir o que foi combinado”, aconselha.
5 posturas que ajudam a vencer o desafio
1 Seja firme ao impor os limites. Pense bem antes de dizer não, pois ele deve ser sustentado. Caso contrário, a criança fica confusa.
2 Ele não quer obedecer-lhe? Antes de partir para o castigo, pense em outra forma de pedir a mesma coisa. Nessa hora, vale a pena apelar para o lúdico – ele não quer colocar o pijama? Saia correndo e diga que quem se trocar primeiro será o vencedor!
3 Valorize e elogie todas as conquistas da criança. Comemore também quando ela cumprir o que vocês combinaram.
4 Mesmo sendo difícil, mantenha a calma e seja paciente. Gritar só vai piorar a situação.
5 Essa fase não é fácil pra ele também. Por isso, não crie expectativas nem compare o comportamento dele com o de outras crianças. São pessoas diferentes!