“Estou precisando de dinheiro para pagar algumas dívidas. Posso sacar meu FGTS?”
A.M., por e-mail
Não. O FGTS foi criado para os trabalhadores com carteira de trabalho assinada terem uma reserva financeira em um momento de emergência. Exatamente por isso, as condições para saque são bem restritas. Além da compra de imóveis, você pode sacá-lo nos seguintes casos: demissão sem justa causa, por fim do contrato de trabalho e na aposentadoria. Há também as alternativas ligadas à necessidade urgente de dinheiro por motivo de saúde (HIV, câncer ou doença terminal) ou por desastres naturais que tenham
atingido a residência do trabalhador. Não existe, portanto, qualquer previsão de saque do FGTS com foco na quitação de dívidas – ou seja, você não pode retirar esse dinheiro com base somente nesta intenção. Caso você não se enquadre em nenhuma das situações acima, terá de recorrer ao seu orçamento para pagar as contas atrasadas. Em primeiro lugar, faça uma análise bem criteriosa dos seus gastos e veja quais podem ser cortados e redirecionados ao pagamento de dívidas. Sabendo de quanto dispõe, procure o seu credor e faça uma negociação. Se nenhuma dessas atitudes for suficiente, reflita sobre se desfazer de algum bem (como um automóvel, por exemplo) ou pegar um crédito consignado – um dos mais baratos à disposição no mercado – para quitar
a dívida. Mas não se esqueça de que, na segunda opção, você apenas trocou uma dívida pela outra. Ou seja, ainda terá de ser bem disciplinada para não estourar o orçamento e conseguir continuar pagando direitinho o que você deve. Boa sorte!
Como funciona o FGTS?
Esse é um direito garantido a todo mundo que tem contrato de trabalho formal. Todo mês, o empregador deposita 8% do salário numa conta – ao final de um ano, o trabalhador terá quase um salário inteiro depositado. Os aportes são feitos na Caixa Econômica Federal em nome do trabalhador. O extrato pode ser consultado pela internet ou no banco. Porém, o rendimento é baixo, de apenas 3% + TR, o que nem sequer alcança a inflação.
Dívidas em atraso?
Tente pagá-las assim que possível! Desse jeito, você consegue solucionar o problema ainda no início e evita pagar altas somas
com juros. Outra coisa: evite pegar empréstimos muito caros para resolver a questão. Por fim, um alerta: jamais use o cartão de
crédito, cheque especial ou crédito para negativados para pagar uma dívida em atraso. É cilada!
Marcela Kawauti é formada em economia pela USP e tem mestrado da FGV. Com mais de dez anos de experiência, é economista-chefe do SPC Brasil e colaboradora do portal de Educação Financeira Meu Bolso Feliz.