“Quero que meu filho aprenda desde cedo a colaborar na limpeza da casa, pois isso não é ‘coisa de mulher’. Só que meu marido não ajuda, dando péssimo exemplo. Como faço?”
V. P., por e-mail
Apesar de a mulher estar no mercado de trabalho há anos e contribuir significativamente na renda familiar, ainda prevalece, em boa parte do país, o pensamento machista de que cuidar da casa seja uma tarefa exclusivamente feminina. Um conceito que cai por terra dia a dia, pois as mulheres trabalham cada vez mais tempo fora de casa e contratar domésticas ficou caro. Pertinentíssima, portanto, sua preocupação em educar filhos responsáveis e ativos nos cuidados com o lar. A nova geração agradece. Primeira dica? Não chame a realização das tarefas domésticas de “ajuda” – as pessoas ficam achando que estão fazendo favor. Algo bem diferente da noção de se cumprir uma obrigação! Eis a mensagem ideal a ser transmitida: manter a casa em ordem é responsabilidade de todos que ali vivem. E a divisão das tarefas implica em parceria e cooperação (enquanto o termo “ajuda” remete a favor, a
palavra “colaboração” significa tomar parte de uma responsabilidade). As crianças devem se comprometer de acordo com a idade, claro. Seu filho de 4 anos, por exemplo, já tem condições de guardar os próprios brinquedos, levar o prato para a pia após a refeição, colocar a roupa no cesto para lavar. Tarefas simples, mas que o farão se sentir tão ativo na rotina da casa que, em vez de ver no gesto uma obrigação chata, ele pode sentir orgulho em atuar no mundo dos adultos. Daí a molecada nessa faixa etária adorar ser designada como “ajudante do dia” da professora!
Países como Islândia e Noruega, em que a divisão das tarefas domésticas é igual para homens e mulheres, têm índices de felicidade mais altos.
Ao cuidar do que é seu a criança percebe que sujar e bagunçar implica em limpar e organizar. Isso pode fazê-la se esforçar para manter as coisas no lugar, a fim de facilitar o próprio trabalho.
Dra. Deborah Moss neuropsicóloga especialista em comportamento e desenvolvimento infantil e mestre em psicologia do
desenvolvimento pela Universidade de São Paulo (USP). Consultora do sono certificada pelo International Maternity and Parenting Institute, no Canadá.