“Minha filha de 11 anos leu Harry Potter. Desde então só fala nisso. Apenas convida para ir em casa as amigas que também gostam desses livros. Isso é normal? Estou assustada.”
A sua preocupação é o quanto essa fixação por um personagem é saudável para sua filha. Na idade dela, tudo pode ser vivido de modo muito intenso. São muitas as mudanças físicas e emocionais que a entrada na puberdade provoca nos jovens. Desta maneira, a admiração por um personagem, artista ou até por uma história fictícia pode seguir essa mesma linha. Fã que é fã acampa no hotel, sabe tudo sobre a vida do ídolo, admira, se dedica, faz esforço, sente de verdade e não quer nada em troca. Ter um ídolo, gostar de
alguém famoso, não sendo em dose exagerada e que faça o jovem perder suas características pessoais, é bastante saudável por sinal. Lembrando que enquanto um simples interesse é vivido de forma leve, tranquila e prazerosa, a obsessão é vivenciada como fora de controle, algo que rege a vida do indivíduo, tornando-o refém dele próprio. Neste caso, isso afeta a vida em sua totalidade, trazendo prejuízos em outras áreas, como na escola, nas relações sociais e entre os familiares. Enquanto a fixação pelo Harry Potter se concentrar apenas nos jogos, nas brincadeiras, nos filmes e nas conversas com as amigas, sem trazer nenhum problema, não há o que se preocupar. Com o tempo, esse interesse provavelmente vai perder força e intensidade – o que a gente costuma chamar de “fogo de palha”. No entanto, se a situação persistir por muito tempo, tomando outros rumos e afetando outras áreas da vida de sua filha, é importante, sim, buscar ajuda profissional.
SEM NEURA
É normal que eles busquem um ídolo, uma referência fora do ambiente familiar. Se na infância os pais eram seus super-heróis,
com a idade, vão percebendo que eles são simples mortais e não tão perfeitos como imaginavam.
Enquanto um simples interesse é vivido de forma leve, tranquila e prazerosa, a obsessão rege a vida do indivíduo, tornando-o
refém dele próprio. Esse tipo de relação traz prejuízos em outras áreas da vida.
Dra. Deborah Moss: neuropsicóloga especialista em comportamento e desenvolvimento infantil e mestre em psicologia do
desenvolvimento pela Universidade de São Paulo (USP). Consultora do sono certificada pelo International Maternity and Parenting Institute, no Canadá.