Ué, o correto não é dizer mãe solteira?
Não! “A terminologia mãe solo se refere à mulher responsável pela maioria ou totalidade das obrigações que envolvem a criação de um filho. Independe se ela é solteira, separada, divorciada ou viúva; se a gravidez foi planejada; se o filho é biológico ou adotivo”, diz o pediatra da Sociedade Brasileira de Pediatria Carlo Crivellaro.
É possível criar um filho sem o pai?
Para o psicanalista Rodrigo Buoro, a criança precisa de referência materna e paterna, mas não necessariamente vinda da mãe e do pai. “Irmão, avô, tio… podem desempenhar o papel de uma boa figura masculina, sendo amoroso e capaz de passar confiança e ótimos valores”, afirma afirma Heloísa Capelas, especialista em desenvolvimento humano e diretora do Centro Hoffman (SP).
Além disso, segundo ela, a presença de um pai não garante que a criança terá um bom exemplo dentro de casa. Em todo caso, Heloísa ressalta a importância de não negar a figura do pai ao filho. “Conforme a criança cresce, a mãe deve conversar, com amor e respeito, sobre o afastamento do pai”, analisa.
Quais os riscos da ausência paterna?
Para compensar a falta do pai, a mãe pode querer dar mais à criança. “É preciso cuidado para o exagero de carinho não virar mimo. Além de suporte emocional, é preciso dar limites”, afirma Crivellaro.
Ainda tem preconceito?
“De maneira geral, o prejulgamento sempre vai existir em todas as esferas da sociedade, pois vivemos em um mundo com padrões
pré-estabelecidos do que é certo e errado”, diz Buoro. Em relação específica às mães solos, segundo Heloísa, as pessoas tendem a sentir pena ao considerar que a mulher foi abandonada, quando, muitas vezes, foi a própria quem optou por criar sozinha seu filho. Essa análise distorcida, a coloca em posição de sofredora ou, ainda, de promíscua e irresponsável. “Justamente por isso, é muito
importante a mulher estar, de fato, bem consigo mesma e com suas escolhas. Dessa forma, o preconceito do outro não irá incomodá-la e ela conseguirá ser uma boa mãe”, finaliza a especialista.
Nossas histórias
Maria Carla Campos Moreira, 33 anos, Tatuí, SP
“Mesmo sempre brigando muito, quando eu tinha 31 anos e o pai do meu filho 29, fomos morar juntos. Quando descobri a gravidez, soube também que ele estava prestes a me trair. Na hora, larguei tudo e voltei a morar com os meus pais. Ele, por sua vez, nem quis saber do filho que teríamos. Na época, dizia que era minha culpa, pois eu havia desistido dele. Não me importei com isso, afinal, quando o Arthur nasceu, nossa casa era pura alegria. Meu ex só quis conhecer o menino quase um ano e meio após o nascimento. Eu não me opus, claro! Porém, depois de um tempo, sumiu de novo. No entanto, apesar da dificuldade em criar um
filho sem o pai, não estou sozinha. Tenho o suporte dos meus pais e o Arthur tem o amor de toda a família.”
Deisi Lunelli, 31 anos, Meia Praia, SC
“Estou grávida de sete meses do meu primeiro bebê. Nunca casei, mas tive um relacionamento com uma pessoa por dois anos. Com o tempo, ele ficou agressivo e obsessivo por sexo. Tentei terminar, mas voltei atrás, pois ele dizia que queria ter uma família comigo. No quarto mês de gestação, ele me bateu. Mas esse ainda não foi o fim. Tudo só acabou quando descobri suas mentiras. Fui morar com a família do meu irmão. Aqui, tenho apoio e sossego. Mas me preocupo com a questão financeira. Quero proporcionar o melhor para ela! Além disso, tenho que enfrentar o preconceito: me olham com cara de pena e perguntam sobre
o pai do bebê. Ser autossuficiente não era o que eu desejava. Mas seguirei firme. Apesar de tudo, sei que vou criar Lorena com
todo amor e carinho.”
Adriana Santos de Oliveira, 39 anos, Guarujá, SP
“Ao descobrir uma traição, mesmo grávida, me separei. Porém, dei outra chance ao casamento, mas ele passou a me agredir verbalmente todos os dias. Acredito, ele queria que eu perdesse o bebê. Por não aguentar mais, decidi partir e estou há dois anos separada. Quando preciso de fralda e remédio, por exemplo, ligo para o ex e recebo ajuda. Ele só não paga pensão porque ainda não tem condições financeiras. Apesar de tudo, a Allana e o pai têm uma boa relação: conversam todos os dias ao telefone e se veem a cada 15 dias. Não nego, a presença do pai faz falta, até porque ela diz que sente saudade dele. Mas escolhi sair de um
relacionamento que não valia a pena e dar todo o carinho para