Juliana Paes volta ao horário nobre das telenovelas oito anos após brilhar como a protagonista Maya de Caminho das Índias. Em A Força do Querer, repetirá a parceria romântica com Rodrigo Lombardi, que viveu Raj na trama de Gloria Perez. Aliás, o atual folhetim também é da autora. No entanto, as “coincidências” terminam por aí. No atual drama das 9, Juliana será Bibi. Uma
estudante de direito que é noiva de Caio, personagem de Lombardi. A certa altura, ela abandona tudo para viver um amor bandido com Rubinho (Emílio Dantas) e entra para o mundo do crime. Após algum tempo, Bibi reencontrará Caio. Ele, advogado bem-sucedido. Ela, bandida procurada pela polícia. Daí em diante, só mesmo seguindo o folhetim para saber se vai rolar um repeteco de final feliz para os intérpretes. Enquanto isso, na entrevista a seguir, Juliana sai em defesa da humanidade de sua vilã e diz crer que as circunstâncias podem mudar a personalidade de alguém.
Você é bastante carismática. Acredita que isso possa amenizar um pouco a vilania de Bibi na história?
Acho, essa característica pode auxiliar. No entanto, o que vai ajudar mais é a trajetória da Bibi. As pessoas terão a oportunidade de ver que a personagem não tem uma má índole.
Você acredita que as circunstâncias podem, de fato, modificar a personalidade de uma pessoa?
Sim. Acredito que as circunstâncias, as dores que se vive e a falta de oportunidades reais fazem um cenário que pode te desviar. Os atos falhos não se justificam, mas eles se explicam. É muito fácil julgar. Podemos, sim, explicar por que uma pessoa chegou a tal ponto de fazer uma coisa errada e até por que se tornou um criminoso. Não que isso não mereça uma punição, mas a gente entende como a pessoa chegou até ali, tem uma explicação.
Considera que uma pessoa como a Bibi pode se recuperar?
Sim. Eu acredito na redenção, mas a pessoa tem que se arrepender genuinamente, de verdade. Deve também existir possibilidades reais para que isso aconteça. A pessoa tem que conseguir se inserir na sociedade sem preconceito, ter chances de trabalho e de viver de uma forma digna. Só que, na verdade, essas condições não são dadas a quem quer se redimir.
Bibi vai viver um amor bandido. Na vida real, muitas mulheres seguem esse caminho. A que você atribui isso?
É uma inversão de valores muito forte. A menina de classe média não se envolve com um traficante porque quer dinheiro, mas sim por um fascínio, um poder, um certo glamour. Ela se sente a escolhida, a primeira-dama. No caso da personagem Bibi, que é totalmente passional, juntou a fome com a vontade de comer.
Como prepara os seus filhos para não se confundirem com essa inversão de valores?
A novela não é para crianças. Os meus filhos são novinhos [Pedro tem 6 anos. Antônio, 3] e eu tenho que trabalhar com eles de uma maneira muito lúdica para passar os valores. Do tipo, “não briga com o seu amiguinho, pois você se sentirá mal depois. Ele vai chorar, mas ficará bem em seguida. Já você vai deitar e lembrar que o amigo ficou triste contigo”. Eu tento trabalhar a responsabilidade dele. Explicar sobre agir com o amigo da maneira como gostaria que agisse com ele.
A atriz está no auge da beleza, mas não é uma vítima dela
Juliana Paes chegou aos 38 anos, idade recém-completada no último dia 26 de março, mais bela do que nunca. Adepta do muay thai, arte marcial tailandesa, a atriz atribui à atividade a sua excelente forma física: 60 kg bem distribuídos em 1,70 m. “Me acho
mais bonita hoje do que quando vivi a Ritinha em Laços de Família [2000]. Vejo fotos e me acho bochechuda. Também estava com
a sobrancelha muito fina… Por que que ninguém me falou isso?” brinca. No entanto, afirma que hoje se sente mais capaz de lidar
com a cobrança pela beleza e não pretende se submeter a cirurgias plásticas. “Quando você envelhece diante dos olhos do público,
precisa ter cuidado. Cuido do corpo, do rosto, isso está embutido na minha rotina e pretendo continuar assim. Mas acho que nunca farei grandes intervenções, pois sou contra”, revela. Se ela já saiu sem maquiagem por aí? “Levo meus filhos na escola de cara lavada. Me considero uma mulher como outra qualquer. Tenho meus dias de acordar com o olho inchado, de estar me sentindo feia, enfim, eu sou cem por cento como outra mulher”, entrega sem pudores.