Dia 20 de agosto, no Fantástico (Rede Globo), o padre Fábio de Melo falou sobre a doença que o afetou no último mês: a síndrome do pânico. “Fiquei praticamente uma semana trancado em casa, com sensação de morte, tristeza profunda e medo de tudo. Nunca chorei tanto na minha vida”, contou. Ele também admitiu que as dificuldades da doença o fizeram questionar a própria fé: “Eu pensava que não queria mais ser padre. Pensava: ‘Não tenho mais coragem de enfrentar as pessoas, de ser quem eu sou. Eu tenho que pensar o tempo todo que eu vou dar conta”. Felizmente, agora, medicado e vivendo um processo de recuperação diário, o religioso afirma estar bem melhor. Para entender sobre a doença, conversamos com uma psicóloga que esclareceu as dúvidas mais frequentes.
1 Afinal, o que é o pânico?
“É um episódio inesperado de desespero e medo intenso de que algo ruim aconteça mesmo que não haja nenhum perigo real ou motivo aparente”, explica Edyclaudia Gomes de Sousa, psicóloga membro da Sociedade Brasileira de Psicologia.
2 Ansiedade é a mesma coisa que síndrome do pânico?
Não. A ansiedade é um estado emocional normal, que todo mundo tem. Há também aquelas pessoas que são extremamente ansiosas, que
em qualquer situação de expectativa ou de infelicidade, sofrem. Isso se chama crise de ansiedade. É difícil de lidar, mas um pouco mais simples. A síndrome do pânico, porém, é muito mais que isso. Ela causa sofrimento excessivo e prejuízo na vida pessoal, social e profissional.
3 Mas o que causa a síndrome do pânico?
A doença se manifesta especialmente em jovens e acomete mais as mulheres do que os homens. A maioria dos pacientes tem a primeira crise entre 15 e 20 anos, mas pode se manifestar mais tarde. “A causa exata ainda é desconhecida, mas estudos comprovam que o estresse, histórico familiar, anormalidades neurológicas e abuso de substâncias são os principais fatores”, afirma. Além disso, os ataques podem surgir após algum evento traumático, como sequestro, assalto e acidente. Esses casos podem deixar sequelas eternas.
4 Quais são os sintomas?
O sintoma principal é o medo do medo, ou seja, medo de ter outro ataque de pânico como o anterior. Os outros sinais mais comuns são:
Dificuldade para respirar;
Coração acelerado;
Palpitações;
Taquicardia;
Dor no peito;
Dor de cabeça;
Sensação de asfixia;
Tonturas;
Sensação de desmaio;
Tremores;
Náuseas;
Formigamento ou dormência nos pés, mãos ou rosto;
Calafrios;
Ondas de calor;
Sentimento de estar fora da realidade;
Sensação de morte iminente.
5 E as crises são assustadoras?
“Sim! Elas ocorrem de repente e causam a sensação de que a pessoa está perdendo o controle, fazendo que acredite inclusive que está morrendo”, explica. Os ataques duram, em média, de 10 a 20 minutos, mas esse tempo pode mudar dependendo da pessoa e da intensidade. E podem acontecer uma vez por mês ou até mesmo várias vezes na semana. Mas mesmo que sejam curtos, são muito intensos para a vítima
da doença e apavoram mesmo.
6 Causa risco de morte?
“Não, mas prejudica a vida da pessoa. Nos casos extremos, por exemplo, o indivíduo passa a ter agorafobia, um distúrbio de ansiedade no qual ele tem medo de várias situações, como sair de casa sozinho e estar perto de muitas pessoas”, diz.
7 Mas tem tratamento, né?
Sim, mas é fundamental que o paciente procure um médico assim que perceber os sinais, pois os ataques podem piorar se não houver acompanhamento. O tratamento envolve medicamentos, como antidepressivo, para diminuir a ocorrência das crises, além de tratamento psicológico para ajudar a entender a causa dos ataques e descobrir maneiras de lidar com a situação. Segundo a especialista, há diversas formas de psicoterapia, sendo que a mais comum para esse tipo de transtorno é a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). “Durante as sessões, o psicólogo irá ajudar o paciente a recriar os sintomas de um ataque de forma segura, gradual e repetitiva. Uma vez que as sensações físicas não são mais uma ameaça, a síndrome do pânico começa a ser suprimida,” finaliza.