“Detectei precocemente pelo histórico familiar”
Minha mãe teve um câncer de mama que se alastrou para outros órgãos. Na época, cuidando dela e com dois filhos pequenos, resolvi ir ao médico para investigar se estava saudável. Como tinha 39 anos, foi difícil encontrar um especialista que me requisitasse uma mamografia. Fui a vários médicos até conseguir o pedido. Depois de fazer o exame, descobri microcalcificações agrupadas em uma das mamas, com
algumas alterações. Não chegava a ser um nódulo, mas queria ter certeza do que se tratava. Após fazer a biópsia, recebi o diagnóstico de câncer. Dezoito anos atrás, aquilo era quase que uma sentença de morte! Pensei nos meus filhos, em como eles poderiam ser criados sem mim. Mas, devido ao diagnóstico precoce, fiz apenas uma cirurgia para a retirada do tumor e algumas sessões de radioterapia. Alguns meses depois, retornei ao meu trabalho como funcionária pública. Agora estou aposentada e faço trabalho voluntário no IMAMA, uma ONG que busca conscientizar mulheres sobre a importância de detectar precocemente esse tipo de câncer. Ainda hoje, aos 57 anos, sinto que essa experiência me alertou sobre a finitude da vida e me ajudou a valorizar as coisas simples do dia a dia.
Monika Schoproni Cardoso, 57 anos, aposentada, de Porto Alegre
“Descobri o câncer no dia do meu aniversário”
Já fazia o autoexame há alguns anos quando senti algo diferente em um dos meus seios. Procurei o médico, fiz exames. Estava com um
nódulo e precisaria fazer uma biópsia. Nesta época, já trabalhava no call center de uma companhia aérea e teria uma folga no dia do meu aniversário de 39 anos. Aproveitei o tempo para buscar o resultado e levá-lo ao mastologista. Na consulta, recebi a notícia: estava com câncer e teria que me tratar com urgência, pois meu nódulo crescia com rapidez. Foi um baque. Fiquei muito abalada porque me sentia saudável (não sofria de nenhuma dor), mas precisaria passar pela quimioterapia. Foram oito sessões. Logo no início, raspei meus cabelos e passei a usar uma peruca. Achei que seria muito difícil, mas depois que aceitei a doença e resolvi encará-la, a adaptação não foi assim tão complicada. Pelo risco de desenvolver novamente um câncer, optei pela retirada completa da mama. No mesmo dia, coloquei uma prótese de silicone. No entanto, após algumas semanas, descobri um ponto de necrose – era meu organismo rejeitando a mudança. Precisei retirá-la e passar seis meses sem um dos seios, usando próteses externas. Enquanto isso, fiz 28 sessões de radioterapia. Sem mais vestígios do câncer, me senti mais animada. Na cirurgia seguinte, retirei uma parte do tecido do abdômen para reconstruir a mama.
Gostei do resultado, mas tive outra surpresa: mais um ponto de necrose. Passei por uma nova operação para retirá-lo, desta vez, enxertando pele das minhas costas. Foi doloroso, tive dificuldade na cicatrização. Porém, fiz algumas sessões de oxigenoterapia e senti muita melhora. Durante todo o tempo, recebi o apoio da minha família, meus filhos e marido. Agora, aos 42 anos, faço acompanhamento
com oncologista, mastologista e um cirurgião plástico. Mas sei que passar por isso de cabeça erguida foi importante para que eu me tornasse uma pessoa melhor. Hoje tudo isso é parte da minha história de vida.
Maria de Cassia de Oliveira Conceição, 42 anos, atendente de call center, de São Paulo
Cuide-se contra o câncer:
1 A partir dos 40 anos, realize mamografia anualmente. Antes disso, solicite ao ginecologista um exame clínico das mamas e faça os exames complementares (como ultrassom ou ressonância) quando solicitado. Caso tenha histórico familiar, converse com seu médico
– pode ser necessário iniciar a investigação antes dessa idade.
2 Autoexame: esta é uma prática de autocuidado que não substitui os exames médicos regulares, mas é útil para conhecer seu corpo. Ele pode ser feito uma vez por mês. Com a ponta dos dedos, verifique se não há a presença de nódulos ou alterações nos seios. Se encontrar algo, vá ao especialista rapidamente. Caroços nos seios ou axilas, dor ou inversão dos mamilos, secreções, inchaço irregular em uma parte da mama, irritação da pele, rugosidade (aspecto parecido ao de casca de laranja), vermelhidão ou descamação do mamilo são alguns dos sintomas que devem ser investigados.
3 Bons hábitos ajudam a reduzir os riscos de desenvolver a doença. Evite cigarro e consumo de bebidas alcoólicas. Procure dormir bem, praticar exercícios físicos e manter uma alimentação saudável.