“Meu filho quase não come”: que mãe nunca se pegou questionando os hábitos alimentares do seu pequeno? Mas nem só de quantidade é feita uma nutrição balanceada. A qualidade e principalmente a variedade no prato também contam muito! Afinal, o bom funcionamento do organismo depende de uma reserva de nutrientes, todos provenientes daquilo que ingerimos. E se deixamos algo de lado? Corremos o risco de enfraquecer nossas defesas. “A condição que ficou conhecida como fome oculta é uma deficiência de vitaminas ou minerais, prejudicial à saúde”, explica Giovanna Oliveira, nutricionista da Clínica Dra. Maria Fernanda Barca. Entenda:
Grupo de risco
“Esse problema é mais comum em mulheres grávidas ou crianças”, esclarece Mauro Fisberg, pediatra, nutrólogo e coordenador do Centro de Dificuldades Alimentares do Hospital Infantil Sabará. Se a mulher se alimenta de maneira incorreta durante a gestação, ele pode atingir o bebê após o nascimento. E, se não tratado, as consequências podem ser graves para o crescimento, o desenvolvimento cognitivo, a memória e a capacidade de aprendizado.
Principais motivos Algumas crianças se recusam a comer verduras ou frutas, o que favorece o aparecimento da deficiência. Nessa idade, é preciso ter jogo de cintura para introduzir os alimentos no cardápio. Não gostou de algo cozido? Tente fazer assado e temperado de outra maneira da próxima vez. Quanto mais oportunidades de contato a criança tiver com determinada comida, mais chances ela terá de aprender a saboreá-la. Além disso, algumas doenças, principalmente as que comprometem o funcionamento do intestino, também podem desencadear essa falta de
micronutrientes no corpo. Isso ocorre porque elas prejudicam sua absorção. Ou seja: em vez de serem aproveitadas, elas passam a ser eliminadas. O mesmo pode acontecer com o uso de alguns medicamentos.
Sinais discretos Nem sempre o diagnóstico da fome oculta é simples, porque os primeiros danos costumam ser silenciosos ou discretos. “Com o passar do tempo, no entanto, a curva de crescimento da criança pode ficar prejudicada, bem como a capacidade do corpo de combater as infecções”, ressalta Fisberg. Por isso é importante fazer o acompanhamento com um pediatra, a fim de que ele avalie se esses fatores estão normais no organismo do pequeno. Também é possível que a criança apresente falta de energia para realizar as atividades cotidianas ou queda de cabelo. Em todos os casos, isso também deve ser conversado com o médico.
Tratamento Uma vez identificado o problema, o profissional poderá orientar como deve ser a alimentação da criança dali em diante. Ele também poderá recorrer ao uso de suplementos para atender às necessidades do seu filho. O bom é que dá para resolver!
Dicas da nutricionista!
Melhorar o cardápio dos pequenos pode ser uma tarefa complicada, mas fica mais fácil seguindo algumas orientações:
O pequeno não quer comer? Não ofereça trocar a refeição por um doce, um lanche ou uma porção de bolachas, por exemplo. Espere até que ele manifeste fome suficiente para comer alimentos saudáveis.
Preocupe-se com as cores do prato. Quanto mais colorido ele estiver, mais nutrientes.
Não incentive a frase “ele não gosta de determinado alimento”. Prepare a mesma comida de maneiras diferentes quantas vezes puder antes de afirmar isso.
Evite o combo “laticínios + ferro”. O leite e seus derivados, como queijo, iogurtes e danones, atrapalham a absorção de ferro pelo organismo. Espere algumas horas antes de oferecê-los, pois a prática, com frequência, pode resultar até no aparecimento da anemia.
Suplementação por conta própria? Melhor evitar. Você já deve ter deparado com alguns comerciais de televisão que indicam o uso de suplementos alimentares infantis, garantindo que, desta maneira, as crianças estarão mais saudáveis. No entanto, a recomendação dos profissionais é consultar um médico ou nutricionista para avaliar a real necessidade desse consumo. Às vezes, a criança pode estar necessitada apenas de um dos componentes da fórmula e a reposição de todos eles pode causar um desequilíbrio no organismo!