O bebê não nasce sabendo se alimentar. Ele tem todos os recursos e ferramentas para tanto, mas precisa de um tempo para se apropriar de uma habilidade que não vem pronta. As crianças necessitam de estímulos, diversidade de alimentos, tempo e, em muitos casos, paciência e perseverança por parte da família. As crianças conhecem os alimentos por meio de seus pais. O modo como são apresentados a elas, a maneira como a própria família lida com a questão alimentar e a forma como os adultos à sua volta fazem as refeições têm influência direta nos hábitos alimentares. Não adianta a mãe insistir para que a filha coma pepino e ela está comendo batata frita, né? A tensão de ver que a filha não come bem torna as refeições estressantes e faz com que os pais modifiquem hábitos e estimulem comportamentos que mais atrapalham do que ajudam a criança na superação desta dificuldade. Por exemplo: só oferecer o que ela gosta, restringindo a sua alimentação a poucos tipos de alimentos; já antecipar que ela não vai gostar e não oferecer novas opções; oferecer apenas lanchinhos ao longo do dia, por receio de ela passar fome. O ideal é criar um clima de tranquilidade na hora da refeição. Disponibilize sempre uma alimentação saudável: mesmo que ela não aceite verduras e legumes, são alimentos que precisam fazer parte da rotina alimentar da família. O estômago de sua filha é pequeno, portanto não dê muita comida. O pouco para você pode ser suficiente para ela. Fazer sua refeição junto com a filha é uma excelente tática. As crianças aprendem por imitação e ver o exemplo da mãe comendo bem é ótimo para fazer com que ela aprenda a importância daquele momento.
Um alimento de cada vez
Não bata os alimentos como uma maneira de misturar tudo para ele ingerir o que não gosta. Essa tática dificulta o paladar e não permite que a criança reconheça os diferentes sabores. Tempere bem os legumes e deixe-os apetitosos, no centro da mesa. E sempre coloque
todos eles em seu próprio prato para que ele veja. Não gostou de algum deles? Ofereça novamente depois de um tempo. O paladar das crianças está em formação e muda o tempo todo. Se ele não estiver com fome na hora da refeição, não insista. Guarde o prato e ofereça novamente mais tarde. Nada de lanchinhos ou leite para substituir, hein?
DEBORAH MOSS: Neuropsicóloga especialista em comportamento e desenvolvimento infantil e mestre em psicologia do desenvolvimento pela Universidade de São Paulo (USP). Consultora do sono certificada pelo International Maternity and Parenting Institute, no Canadá.
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