“Todo ano é a mesma coisa: as férias escolares chegam e fico sem saber se mantenho uma rotina parecida com a do ano letivo ou se libero as crianças para fazer o que quiserem. Como devo agir?”
M.B., por e-mail
Já que não há preocupação em seguir horários e em cumprir as obrigações exigidas pela escola, sair da rotina nas férias é um fato
incontestável. Trata-se de uma sensação gostosa de “guardar a agenda no armário” e fazer suas escolhas. Porém, não apenas os pais, mas as crianças podem (e devem!) decidir os compromissos. Não há a necessidade de preencher o tempo da pausa a todo
momento, esse “ócio” é bem-vindo para exercitar a imaginação, por exemplo. No entanto, cuidado com as mudanças acentuadas. Isso, sim, pode ser um problema no retorno às aulas. Comer o que quer, deixar de tomar banho ou escovar os dentes, dormir na cama dos avós, só almoçar vendo TV são situações difíceis de reverter no caso de crianças com menos de 3 anos. Uma coisa é a flexibilidade na rotina, outra é mudança de costume. As crianças a partir dos 4 anos já possuem o mínimo de discernimento. Ou seja, sabem que as regras da casa da vovó são diferentes das estipuladas na própria residência. As lembranças dos doces gostosos, das brincadeiras, de se sujar, das bagunças com os primos ficarão na memória dos nossos filhos. Nessa faixa etária, os pequenos entendem as exceções, pois possuem flexibilidade mental para tanto. O risco são os menores. As crianças com idades entre 0 e 3 anos precisam de uma rotina mínima para organizar o dia sob o risco de pequenas mudanças afetarem hábitos já adquiridos. A rigidez, nesta faixa, não reflete implicância, pois está relacionada ao desenvolvimento infantil. Quando se assume a responsabilidade nos cuidados com o filho dos outros, siga as orientações que lhes foram passadas. Afinal, agir de outra maneira será por conta e risco de quem se comprometeu a cuidar. E há o perigo de conflitos desnecessários.
Excesso de atividades pode levar a criança a uma situação de estresse. Em consequência dessa sensação de cansaço, os níveis do hormônio cortisol vão parar lá nas alturas. Logo, mais problemas: esse aumento pode levar a uma dificuldade de aprendizado e
concentração.
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* DEBORAH MOSS: Neuropsicóloga especialista em comportamento e desenvolvimento infantil e mestre em psicologia do desenvolvimento pela Universidade de São Paulo (USP). Consultora do sono certificada pelo International Maternity and Parenting
Institute, no Canadá.