Basta alguém, ou a gente mesmo, viver um longo período de tristeza, seja lá pelo motivo que for, já identificamos o quadro como depressão. Quando um profissional da área de saúde usa essa palavra, refere-se a uma doença, embora seus sinais e sintomas sejam parecidos com desânimo.
Provavelmente, muitos de nós já se tratou ou conhece quem tenha se tratado ou precisaria se tratar de depressão. São histórias de alívio e efeitos colaterais. De retorno da alegria e de uma certa anestesia. Muitos se recuperaram 100%. Mas existe quem nunca mais tenha se sentido o mesmo.
A grande preocupação de quem enfrenta o problema: os sintomas são tratados, mas e a qualidade de vida? Como fica a memória, a libido, a disposição? Em princípio, o especialista prescreverá o mesmo tratamento para todos. Com isso, 1 em cada 4 pessoas vai melhorar!
O que você acha disso? Claro, uma certa dose de intuição influencia todos os diagnósticos. Mas o tratamento poderá ser insuficiente, precário. Por outro lado, porém, sabemos que quanto mais cedo a depressão for tratada, melhor.
O paciente correrá menos risco de cronificação, de recaídas e do comprometimento da concentração, das capacidades de decisão e planejamento de uma sequência de eventos. Isso é o que chamamos de recuperação funcional: não há apenas a suspensão dos sentimentos ruins, da angústia, do vazio, da falta de esperança.
Não se trata apenas de fazer a pessoa pegar no sono, mas de ajudá-la a corrigir o ritmo de vida com melhor qualidade de descanso na hora de dormir, preservar e estimular a atenção e a organização (aquela memória ruim que dificulta a capacidade de se ordenar).
Neste caso, a ideia é ajudar o paciente a ter uma visão bem melhor sobre si e de sua importância tanto para si mesmo como também para aqueles que ama. Logo, não há um único tipo de tratamento. Existe a pessoa e seu processo de cura de forma totalmente personalizado.
LUIZ SCOCCA É psiquiatra com mais de 20 anos de atendimento em consultório próprio, além da participação em grupos de estudo, congressos e projetos sociais. Formado pela USP e membro das associações brasileira e americana de psiquiatria: ABP e APA.