Tiago Martins, 28, passou grande parte de sua adolescência com medo de sair de casa por conta de seu excesso de peso, que o acompanhava desde a infância e começou a complicar a partir dos 13 anos de idade.
No auge de sua fase mais gorda, o universitário chegou a pesar 175 kg. Com 1,90 metro de altura, o ideal seria ele ter por volta dos 90 kg. Para superar a obesidade, Tiago decidiu passar por uma cirurgia bariátrica. A diferença logo apareceu na balança.
“Como o estômago diminuiu de tamanho, fiquei 20 dias tomando apenas líquidos e cerca de 20ml de água, de 20 em 20 minutos. Com isso, perdi 28 kg em 30 dias”, destaca. No final do processo de emagrecimento, o universitário chegou a ficar com 85 kg.
A transformação de Tiago acabou chamando a atenção da mídia. Em 2015, uma produtora da Record TV ficou impressionada com a mudança de identidade do rapaz, e o convidou para o quadro ‘Transformação Mais Incrível’ no ‘Hoje em Dia’, programa apresentado por Ana Hickmann. Ele venceu a competição, com cerca de 70% dos votos em redes sociais.
Foto: Reprodução/ Record TV
O LADO B DA CIRURGIA
Apesar de o procedimento ter sido um sucesso, realizando um sonho do universitário, acabou trazendo novos problemas. Isso porque, no final, ele assume ter trocado a compulsão por comer pela de fazer compras e mostrar o novo corpo.
Também desenvolveu uma fixação em continuar emagrecendo, mesmo quando seu peso ficou abaixo do que era clinicamente indicado. “Coloquei na minha cabeça que precisava vestir P para me sentir bem. Não aceitava outra numeração e fiquei neurótico com isso, a ponto de começar a deixar de me alimentar mesmo”, conta.
Para superar o problema, Tiago precisou passar por diversas sessões com psicólogos e nutricionistas, que o ajudaram no tratamento. Contudo, mesmo com tantos poréns, ele afirma que faria tudo novamente. “Do jeito que eu estava não dava mais”, avalia.
COMO FUNCIONA?
Segundo Marcos Leão, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), existem dois tipos de cirurgia bariátrica bastante comuns no Brasil: a gastrectomia vertical (conhecida como Sleeve) e o bypass gástrico.
Como as duas são realizadas via laparoscopia (microcâmera que passa pelo abdômen), costumam deixar cicatrizes mínimas. De acordo com Leão, o procedimento feito desta maneira ainda tem a vantagem de uma baixa taxa de mortalidade. “A cada mil pacientes operados, dois morrem. Por via aberta, esse número aumenta de 5 a 10 vezes”, ressalta.
POSSO FAZER?
O presidente da SBCBM explica que existem três situações para descobrir se a pessoa deve ou não recorrer a bariátrica. A primeira é ter um IMC (índice que avalia o peso de uma pessoa em relação a sua altura) acima de 40.
“A segunda são problemas de saúde -como diabetes, hipertensão, gordura no fígado, apneia do sono, problemas articulares, etc.- relacionados ao excesso de peso”, diz.
Por fim, ele afirma que o procedimento se enquadra ainda quando a pessoa possui problemas de saúde relacionados ao seu peso que não são possíveis de serem controlados usando medicação comum.
QUANTO CUSTA?
Leonardo Fiuza, cirurgião da equipe de retaguarda do Hospital Paulo Sacramento, em Jundiaí (SP), explica que o custo médio de um procedimento inteiramente particular é de aproximadamente R$ 25 mil (incluindo hospital, equipamentos e equipe médica).
“Mas existem alguns serviços que são cadastrados no SUS (Sistema Único de Saúde), para realização dessa cirurgia. O paciente deve ser avaliado na UBS (Unidade Básica de Saúde) mais próxima e encaminhado para estes serviços de referência”, aponta.
VOU FICAR OBESO DE NOVO?
Não existe milagre. Se o paciente parar de fazer dieta, pode haver ganho de peso novamente. Os especialistas ressaltam que a cirurgia é uma decisão para a vida inteira e representa a cura para uma doença, a obesidade.
“A bariátrica hoje é um procedimento para melhorar problemas de saúde que são impactados pelo peso, e alguns desequilíbrios no metabolismo”, diz Leão. Por isso mesmo, passa longe de ser um tratamento estético ou uma solução mágica.
Os cuidados pré e pós-cirúrgicos incluem apoio nutricional, psicológico e psiquiátrico –caso seja necessário–, além de um acompanhamento multidisciplinar permanente e anual para que a pessoa permaneça saudável e bem longe dos antigos hábitos.
Outra dica fundamental: você deve escolher um profissional especializado no assunto. Procure informações sobre o médico em órgãos reconhecidos pela categoria e use a internet para ir atrás de mais informações do médico.