A beleza de Claudia Ohana, de 56 anos, desafia o tempo. Ela poupa energia, medita, dispensa a melancolia de rever trabalhos antigos…
E, claro, jogar videogame com os dois netos, Martim, 14, e Arto, 6, herdeiros da filha única, Dandara Guerra, 35, também deve ajudar.
No ar como a popular Janice de Verão 90, novela das 7 da Globo, a atriz falou sobre todos esses temas e abriu o jogo sobre a necessária intolerância das mulheres em relação ao desenfreado assédio masculino: “Os homens ainda não sabem os limites, infelizmente, temos que ser radicais”, diz
Como você define a Janice?
Ela é uma personagem popular, no sentido de ser espalhafatosa, falar alto… Me inspiro na atriz Fabiula Nascimento, que sabe fazer muito bem personagens populares.
O que você tem em comum com a personagem?
Nada! No primeiro capítulo pensei em fazer algo meio cinema. Mas quando vi o tom da novela, com a pegada do Jorginho Fernando [diretor da trama], fui subindo o tom também, deixando mais popular. Ela ri muito, abraça muito, fala muito… Eu sou mais tímida.
Ela é um tipo que você gostaria de fazer na TV?
Eu nem sabia que ela era assim, fui descobrindo. Acho legal, pois se trata de algo que nunca fiz. Mas ela não me exigiu fazer laboratório. Janice começou vendendo sanduba na praia e conheço muitas pessoas que fazem isso. Depois foi vender roupas…
O que acha desse movimento das atrizes, que estão mais fortes e unidas, como o Mexeu com Uma Mexeu com Todas e a própria ação que iniciou com a foto da Xuxa no Instagram [em janeiro, elapublicou uma imagem sem maquiagem na rede social e foi criticada]?
Nós retrocedemos, né? Temos que lutar muito pela mulher em um momento em que existe um movimento dizendo que ela tem que ficar em casa. Voltamos para 1950? Daqui a pouco teremos que começar tudo de novo, queimar sutiã… Não sei sobre a história do José Mayer, mas existe uma intolerância realmente da mulher sobre o assédio e tem que ser radical mesmo, pois as pessoas não podem passar dos limites. E como os homens ainda não sabem quais são os limites, infelizmente, nós precisamos ser radicais. Ser paquerada e paquerar é algo delicioso, todo mundo gosta, mas as pessoas precisam conhecer os limites.
Como é a vovó Claudia?
Eu sou de brincar, de jogar videogame, dominó, baralho… Às vezes, acho que eles confundem e eu digo “a vovó não tem a sua idade, não é criança”. Eu deixo quase tudo. Mas quando passaram quase um mês em casa não pude deixar tudo, tive que ser mais radical.
Você tem dois netos, uma filha linda e o tempo parece que não passa para você. O que faz para isso?
Além de malhar, beber muita água, o fundamental é dormir. Eu durmo nove horas seguidas. E também me poupo muito. Às vezes, a gente está em um dia de festa, gastando muita energia, e o pessoal ainda marca de tomar um chope depois, eu não vou, eu me poupo. Eu só faço o que realmente quero fazer.
Com a sua personagem você gastará uma energia que a Claudia não gastaria. Como compensar isso?
Gravo e vou direto para casa. E eu medito, gosto de silêncio, inclusive porque preciso cuidar da voz. Aliás, a gente envelhece e precisa cuidar cada vez mais das coisas: pele, corpo… Antigamente eu não passava creme no corpo. Agora, uso hidratante. Nunca cuidei do meu cabelo, agora faço hidratação. Uso mais maquiagem, mas fingindo que é menos [risos].
Você está acompanhando a reprise de Cordel Encantado no Vale a Pena Ver de Novo?
Que novela linda, que história, que direção… Fico arrepiada em falar. Assisti ao primeiro capítulo, mas não vejo trabalhos antigos. Não tenho nem fotos na minha casa. Não tenho nostalgia. Faço um mural em casa com as matérias que estão saindo neste ano, pois as do ano passado já foram. Não gosto de ver trabalhos antigos.
Você se critica?
Não, simplesmente porque não tenho prazer.