Não há dúvida de que a internet é um habitat. Embora seja um espaço de convivência, ainda não tem regras bem definidas. E muita gente age dentro dela sem limite. Aí está a chave do negócio.
Como não há como ficar sem internet, ao menos devemos aprender a civilidade on-line (da mesma maneira que procuramos praticá-la no mundo off-line). Assim, se nos precavemos evitando ir a locais perigosos em nossa cidade, há a real necessidade de também nos ‘protegermos’ e nos blindarmos das armadilhas virtuais.
Se hoje tudo pode ser fake news, então, é preciso checar qualquer informação antes de propagar ideias a respeito. Para que ler os comentários de certos posts se isso vai irritá-la? Só faça aquilo que dê mais sentido em sua vida. Outro ponto importante a refletir é sobre o sentimento de ‘vazio’ que o mundo on-line nos traz.
Todos sabemos que a internet tem seus prós e contras. E um dos contras é a sensação de não pertencimento. Afinal, não são todos felizes e lindos no Facebook ou Instagram? Tão inteligentes no Twitter? E se não sou nada disso? Significa que não sou feliz? É o que muita gente pensa. E isso é devastador.
Com pessoas públicas, não é diferente. Além de muitas vezes passarem a impressão de uma vida “perfeita”, eles lidam com diversas reações da população, boas e ruins. São seres humanos que se alegram e se entristecem como qualquer outro. Temos
que ter noção de realidade. Aquele que aparece na TV é um personagem.
Estaremos praticando bullying virtual se, de repente, todos começarmos a lançar um bombardeio de críticas. Vamos ter bom senso e ser empáticos. A empatia é justamente a capacidade de se colocar no lugar do outro. É esse sentimento que nos tira da barbárie…
Ainda que na vida tenhamos o livre-arbítrio e possamos escolher enaltecer o nosso lado positivo ou negativo, precisamos nos esforçar para optar pelo melhor e praticar essa empatia. A boa convivência vale tanto para o mundo on-line como off-line.
LUIZ SCOCCA é psiquiatra com mais de 20 anos de atendimento em consultório próprio, além da participação em grupos de estudo, congressos e projetos sociais. Formado pela USP e membro das associações brasileira e americana de psiquiatria: ABP e APA.