Administrar o próprio dinheiro não é uma das tarefas mais fáceis da vida, ainda mais em tempos de crise econômica. Mas para conseguir economizar, gastar com sabedoria e até fazê-lo render, não existe dica melhor do que investir em educação.
Ao menos é o que garante Nathalia Arcuri, fundadora do canal de finanças ‘Me Poupe’, do YouTube, que vai ganhar uma versão no formato reality show a ser exibida a partir de outubro pela Band.
“Se você não se educar, vai passar a vida inteira pagando uma dívida atrás da outra, além de ficar frustrado porque aplicou R$ 100, por exemplo, e não rendeu quase nada”, diz a jornalista, em conversa com a reportagem de AnaMaria Digital durante um evento em prol do Hospital do GRAACC, em São Paulo (SP).
Segundo ela, não adianta jogar a responsabilidade apenas no governo, no baixo salário ou culpar o chefe pelos seus baixos rendimentos financeiros. É preciso aceitar a própria responsabilidade. “Ou seja, se hoje você não ganha o valor que quer, precisa pensar no que pode fazer para ter uma vida financeira melhor e conseguir essa renda extra”, destaca.
AOS POUCOS
Nathalia reconhece a existência do desemprego – que, de acordo com o IBGE, atinge cerca de 13 milhões de pessoas no Brasil -, mas sugere uma reflexão: “O que explica tantas pessoas ganharem dinheiro em um momento em que tantas outras estão perdendo? O que elas estão fazendo de diferente? Como ganhar dinheiro sem precisar ser corrupto?”
Para a jornalista, algumas pequenas ações no dia a dia já ajudam a começar essa reserva. “As pessoas acreditam que é preciso ganhar muito dinheiro por mês para começar a poupar. Mas se você não fizer isso enquanto tem pouco, nunca terá muito. A gente espera por um dinheiro que nunca vai chegar. Quem ganha R$ 1000 consegue poupar R$ 2, quem ganha R$ 2 mil consegue poupar R$ 100”, diz.
Segundo ela, também é necessário ter um plano de ação para sair da zona de conforto. Isso significa planejar meios de conseguir uma renda extra, seja com um segundo emprego, com o empreendedorismo ou buscando formas de se qualificar para crescer na carreira profissional.
Pedimos para Nathalia Arcuri dar algumas dicas de como lidar com situações comuns na vida financeira. Confira!
CAÍ NO CHEQUE ESPECIAL, E AGORA?
Se não foi você, muito provavelmente algum parente ou conhecido já caiu no conto do cheque especial. Trata-se de um crédito oferecido pelo banco, mas é como se fosse um empréstimo pré-aprovado, que a instituição deixa ali disponível para o cliente usar a qualquer momento.
Só que é aí que mora o perigo, pois os juros dessa modalidade costumam ser muito altos. Tudo porque o montante é cedido sem nenhuma garantia. “A pessoa precisa pagar juros de 15% ao mês, o que faz uma dívida de R$ 100, em janeiro, virar R$ 500 em dezembro”, exemplifica.
Caso tenha sido necessário usar, a dica número 1 de Nathalia é: pague essa dívida o mais rápido que conseguir. “Para isso, você pode vender algo que não usa mais ou pedir dinheiro para algum parente que esteja disposto a emprestar sem cobrar nenhum tipo de juros, por exemplo”, aconselha.
Se nenhuma das opções for possível, vale tentar encontrar linhas de crédito mais baratas. “Eu indico trocar uma dívida de 15% ao mês por uma de 2%, por exemplo”, indica a educadora financeira. “Apesar de ainda ter juros, eles serão muitos mais baixos na hora de pagar.”
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EMPRESTEI DINHEIRO, MAS NÃO ME PAGARAM. COMO FAZER?
Esta é uma história triste que todo mundo conhece: alguém muito querido te pede dinheiro e você, com receio de falar “não”, acaba emprestando. Mesmo sabendo que as chances de rever esse montante são quase nulas. Como escapar dessa cilada?
Na opinião de Nathalia, o conselho é bem simples: dinheiro não se empresta. Caso você disponha da quantia, e realmente queira ajudar, apenas dê. Se a pessoa conseguir devolver no futuro, ótimo. Caso contrário, não tem problema. Mas se isso não for possível, vá sem dor na consciência e simplesmente diga não.
“É a melhor coisa que você faz para manter um relacionamento de longo prazo. Parece que quem tem dinheiro poupado, tem sobrando e isso não é verdade. Ele sempre tem um destino, seja realizar o sonho da casa própria, de ter um carro ou fazer uma viagem. Por isso, você não deve emprestar para ninguém”, aconselha a fundadora do ‘Me Poupe’.
NÃO TENHO RESERVA E ME SURGIU UM IMPREVISTO. POSSO USAR O CARTÃO DE CRÉDITO SÓ DESSA VEZ?
Não é difícil se deparar com um gasto urgente, como uma doença, um carro quebrado ou até mesmo o desemprego. Nessa hora, muitos recorrem ao cartão de crédito. Entretanto, Nathalia afirma que este é o pior erro para se cometer.
“Emergências acontecem, mas imprevistos não existem. Se você tem um carro, ele vai quebrar. Se você tem uma casa, ela vai precisar de manutenção. Fato. São suposições, mas no país em que vivemos, se você não tem a reserva de emergência, está correndo um risco muito maior de perder dinheiro do que quem está investindo todo o seu dinheiro na bolsa de valores”, diz.
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