As crianças e os adolescentes devem conhecer o próprio corpo e ter um ambiente seguro para tirar dúvidas. O diálogo e a educação sexual previnem a violência sexual, gravidez na adolescência e doenças sexualmente transmissíveis.
Apesar de vivermos em uma época em que existe mais diálogo entre pais e filhos, há ainda uma dificuldade – e até mesmo resistência – em abordar e esclarecer dúvidas sobre sexo. Isso acontece, inclusive, com mães e pais bem informados.
A relutância em falar sobre o tema pode estar relacionada a alguns fatores, como a repressão sexual que cada um recebeu ao longo da vida e por não ter base teórica ou referência para iniciar esse tipo de conversa.
Falamos com os psicólogos Luiz Francisco Jr. (professor da FADISP), Milene Rosenthal e Roberto Debski para ajudá-la a falar sobre sexo e sexualidade com seu filho, seja ele criança ou adolescente.
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO SEXUAL
Ao conversar com o filho sobre sexo e sexualidade, os pais ensinam o que é amar, se relacionar, privacidade e até abuso. Você faz com que ele respeite o próprio corpo e o corpo do outro.
É nessa hora também que os responsáveis conseguem orientá-lo a não deixar que outra pessoa toque seu corpo, por exemplo. E que, caso isso aconteça, ele não deve sentir vergonha e esconder, mas, sim, avisar aos pais.
Além disso, a educação sexual serve para ajudar a prevenir doenças sexualmente transmissíveis e uma possível e indesejada gravidez na adolescência.
TEM HORA CERTA PARA FALAR?
Na infância surgem as primeiras dúvidas e comportamentos relacionados ao próprio corpo. Cabe aos pais ajudar a criança a construir sua sexualidade de maneira positiva.
Segundo os especialistas, não há idade certa para começar uma conversa sobre sexo e sexualidade. Na realidade, a curiosidade de cada criança será o termômetro para identificar sobre o que e quando falar.
Agir com naturalidade e sem repressão sempre é o melhor caminho, pois o pensamento da criança nessa fase está relacionado ao reconhecimento corporal e não existe nada de erótico nisso.
COMO E O QUE DIZER
As curiosidades sobre o corpo, por exemplo, são naturais desde muito cedo. Os adultos responsáveis devem sempre responder às questões de forma sincera e objetiva.
Ou seja, sem dar uma aula sobre o tema ou inventar histórias. Portanto, em vez de dizer que a cegonha trouxe o pequeno para a casa ou que ele nasceu do repolho, fale que o papai e a mamãe se amam muito e, por conta disso, quando ficaram juntos e grudados, um líquido entrou na mamãe e ele nasceu.
Essa resposta vai satisfazer a criança e não gerará mais dúvidas na cabeça dela. Esclareça as perguntas sempre de um modo que seu filho entenda, dentro do contexto da idade e da experiência de mundo que ele tem.
Dessa forma, quando chegar à adolescência, questões mais complexas, como virgindade, sexo seguro e gravidez serão tratadas por ele com naturalidade.
IDENTIDADE DE GÊNERO
Por volta dos 3 anos de idade, as crianças já conhecem sua identidade de gênero (não depende do sexo biológico da pessoa, mas de como ela se percebe) e se rotulam, na maioria das vezes, como menino ou menina.
E, por meio de falas, comportamentos e escolha de brinquedos, os pais ensinam aos filhos o que é apropriado para meninas e meninos. Porém, para passar uma educação sexual consciente, os profissionais afirmam que não devemos diferenciar objetos, cores e comportamentos como “permitidos” e “proibidos”.
Ou, ainda, dizer que as garotas são mais vaidosas e frágeis, e os garotos mais fortes e corajosos. Por quê? Estudos já comprovam que as cores não determinam nossa orientação sexual (hetero, homo, bissexual) e a ideia de que as mulheres são mais sensíveis e os homens são mais fortes gera cada vez mais mulheres fragilizadas e submissas, e homens brutos e com dificuldade de demonstrar afeto.
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