Casada com o cantor Michel Teló desde 2014, Thais Fersoza, 35 anos, é mãe de uma dupla campeã no quesito fofura nas redes sociais. Melinda, 3 anos, e Teodoro, 2, os “parceirinhos”, como são chamados pelos pais, ganharam o coração do público antes mesmo de chegarem ao mundo.
Foi graças às experiências com os dois que a atriz criou no YouTube o canal Tatá Fersoza, em 2017. Nos vídeos, conversa sobre diversos assuntos relacionados ao universo feminino – entre eles, a maternidade.
E foi justamente com a intenção de tratar sobre o tema de forma realista que decidiu embarcar também no projeto de um livro, que foi lançado na XIX Bienal Internacional do Livro Rio. A seguir, a atriz fala sobre a estreia como escritora.
Em entrevista à AnaMaria, a atriz comenta sobre as delícias e os desafios encarados desde a chegada dos pequenos e confessa um de seus principais desejos: dialogar sobre educação de maneira realista. Além de falar sobre a possibilidade de aumentar a família.
COMO SURGIU A IDEIA DO LIVRO?
Um livro não estava nos planos até ser convidada pela editora. Quis amadurecer a ideia e, depois, concluí que seria uma forma de retribuir o carinho que recebo. As pessoas gostaram tanto de me ver grávida! E, nesta época, sentia falta de um material realista para as mães: nem lúdico, nem pesado. Ouvia dizer que era cansativo, que as mães se esqueciam de si… Pensava: “não pode ser oito ou 80, deve existir equilíbrio”. Em 2017, essa foi a motivação para lançar o canal. Queria conversar com as mulheres sem mascarar situações. Com o livro, pensei em estender esse diálogo para mais gente: uma forma de materializar o que vivo, mostrando erros e acertos. Quero que as pessoas se identifiquem e se emocionem com as entrevistas dos convidados.
POR QUE O TÍTULO NASCE UMA MÃE?
Este era o nome do meu canal quando eu comecei. Quando pensei no título, era exatamente como estava me sentindo. Depois, quando o Teodoro nasceu, mudei para Tatá Fersoza, por ser mais fácil de localizar e também porque passei a falar da mulher de um modo geral. Mas, para o livro, mantivemos a essência.
VOCÊ JÁ GOSTAVA DE ESCREVER?
Quando mais nova, gostava muito. Fiz um curso que incentivava a escrita. Naquela época, fazia poesias, escrevia textos sobre o que sentia. Exercitei, mas não levei para a vida. O livro veio como um resgate disso. Pensei: “como gosto de contar histórias!” Nesse caso, como a história é minha, deu nostalgia, foi quase uma viagem. Puxei coisas da memória, mas algumas eu confundia ou esquecia, e consultava vídeos e fotos. Então, revivi os últimos três anos.
COMO DECIDIU O QUE CONTAR E O QUE EXCLUIR DA OBRA?
Pensei no ponto de vista de quem conta uma história: algumas coisas são relevantes, outras não. Busquei o que seria fundamental para contar com profundidade, verdade. Depois enumerei os temas: quando estava grávida, quando contei para o Michel, para a família… Em cima disso fui desenvolvendo o recheio.
CHEGOU A CORTAR ALGUMA PARTE?
Não. Pelo contrário: quase na revisão final ainda queria incluir algumas partes. Achei importante a riqueza de detalhes para que as pessoas pudessem entender como eu me senti.
ALGUMAS QUESTÕES, COMO A ALERGIA PÓS-PARTO, VOCÊ OPTOU POR SÓ TORNAR PÚBLICAS NO LIVRO. POR QUÊ?
Como estou contando minha história, não dava para omitir coisas importantes. E preferia que fosse do meu jeito. Como o livro é particular, decidi falar sobre alguns assuntos, até para as pessoas que passaram por isso se identificarem. Tive a sorte, por exemplo, de não enjoar na gravidez, mas passei por perrengues, como a dormência permanente nas mãos.
O QUE SENTIU QUANDO LEU O PREFÁCIO ESCRITO PELO MICHEL?
Achei muito emocionante… É a realização da nossa história, da nossa família. Nada disso teria acontecido sozinha. Nós dois somos de falar um para o outro o que pensamos, então já sabia do sentimento dele, mas ver aquilo no livro foi diferente, gostoso.
E O QUE AS CRIANÇAS ESTÃO ACHANDO DE ESTAREM NA CAPA?
A Melinda deu um show no dia em que produzimos! Queria ser fotografada, fez pose para a câmera. E o Teodoro está encantado, ele é apaixonado por livros, leitura. Ele folheia, abre, fecha, abre de novo… E fala: “Mamãe, olha isso! É a Melinda, é a mamãe…”, apontando.
NA OBRA, VOCÊ FALA SOBRE O PROCESSO DE VOLTAR A RECONHECER SEU CORPO DEPOIS DOS PARTOS. POR TRABALHAR COM A IMAGEM, SE SENTIA PRESSIONADA?
No mundo artístico, por estarmos sempre na linha de frente, rola uma certa cobrança. E essa cobrança se estende para muitos ambientes. Mas essa mentalidade vem sendo mudada. Espero que cada um possa ser do jeito que quiser, pois aparência não define alguém. Mas, depois de um tempo, percebi que não era uma preocupação minha, mas dos outros. Tinha coisas mais importantes para pensar: preferia não ter um corpão, mas ter filhos. Ver minha família sendo construída não tem comparação. Estava muito feliz para encucar com esse tipo de coisa.
QUANDO SE TRATA DE MATERNIDADE, CADA UM TEM UMA OPINIÃO. ACHA O TEMA DIFÍCIL?
Respeito as opiniões, todo mundo tem o direito de pensar o que quiser sobre qualquer assunto. Mas falo o que acredito sem medo. Não lancei o livro para mostrar “como arraso”, nada disso. Quis mostrar: para mim foi assim. Como foi para você? Ou como você deseja que seja para você? Não estou levantando uma bandeira. É uma rede de apoio, de troca de ideias e as pessoas têm todo o direito de pensar igual ou de discordar.
COMO FOI ENTREVISTAR SUA MÃE E QUAL A MAIOR LIÇÃO DE EDUCAÇÃO QUE APRENDEU COM ELA?
Ah, todas! Principalmente a de que o amor, a paciência e a conversa são a base de tudo. Depois de ter filhos tudo muda, inclusive a forma de enxergar a mãe. Foi especial “falar de igual para igual”. E achei as respostas dela lindíssimas, emocionantes… Fiquei mais orgulhosa do que já sou. Nós temos uma relação muito próxima.
QUAIS AS DELÍCIAS E DESAFIOS DE SER MÃE DE MELINDA E TEODORO?
É o maior amor do mundo, que te transforma, transborda. É mágico acompanhar o crescimento e aprendizado deles. Sou firme com relação à educação, o respeito. E é bom ver que está dando certo, que falam com carinho com os outros, olhando no olho. Antes, cabiam dentro de mim e, de repente, me abraçam, dizem que amam. Ao mesmo tempo em que me questionam! Mas acho legal, é uma demonstração de que estão buscando o próprio espaço, fazendo escolhas, eles têm suas vontades. O desafio é criar pessoas boas para o mundo: seres humanos do bem, humildes, generosos, de bom caráter, boa índole.
O QUE ISSO ENVOLVE?
Respeito ao próximo, conscientização com o meio ambiente, tudo. Não tenho preguiça de educar, ensinar. Com isso sou incansável, gosto de jogar junto. E tive a sorte de ter um trabalho que me permite essa proximidade, porque a maior parte das mulheres da sociedade não tem.
PENSAM EM TER MAIS FILHOS?
Estamos felizes com a nossa dupla de quase gêmeos. Agora quero curti-los.