Ythallo Raphael Tobias Rosa, de 6 anos, morreu após ingerir um bombom supostamente contaminado. Benjamin Rodrigues Ribeiro, de 7 anos, também consumiu o doce e está internado em estado grave. A principal suspeita é que ambos tenham sido envenenados com chumbinho.
A linha de investigação da Polícia Civil aponta os doces contaminados foram entregues por uma mulher que passou no local de moto. Ythallo aceitou o doce, comeu, e logo depois trocou um pedaço por um pouco do açaí de Benjamin. Os dois estudavam na mesma escola, na zona norte do Rio.
A necropsia realizada no corpo Ythallo mostra “grânulos de cor amarronzada na traqueia e nos resíduos gástricos” da criança. A descrição bate com o chumbinho. Segundo o pai, o médico alegou ter encontrado a substância dentro do organismo. A Polícia ainda aguarda resultados oficiais.
“A gente está em busca de imagens para identificar o momento do oferecimento desse bombom e a ingestão pelas crianças”, explicou o delegado Marcus Henrique Alves. Em nota, a Secretaria Municipal de Educação confirmou o trabalho periódico de detetização contra roedores nas escolas, mas sem o uso de chumbinho.
O que é o chumbinho e como ele age?
O chumbinho é um pesticida que contém substâncias como aldicarbe e carbofurano, componentes extremamente tóxicos, que causam uma série de reações graves no organismo humano. Geralmente é visto sob a forma de um granulado cinza escuro ou grafite, cor de chumbo — o que explica o nome.
O produto é amplamente usado, de maneira clandestina, como raticida. No entanto, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o uso é incorreto. Esse veneno agrícola possui elevada toxicidade aguda, o que causa a morte do roedor poucos instantes após a ingestão.
E é justamente aí que está o erro. As colônias de rato tendem a enviar os membros mais velhos ou doenntes para “provar” novos alimentos. Com a morte rápida, os demais fogem. “Ou seja, o problema não foi resolvido, os roedores apenas passaram para a vizinhança e continuam circulando pela região. Ao contrário, os raticidas legais”, explica a Anvisa.
No organismo humano, seu efeito também é desvastador. A ingestão de chumbinho pode causar intoxicação severa, mesmo em pequenas quantidades. Os principais sintomas incluem vômitos, convulsões, diarreia, dificuldade respiratória e, em casos mais graves, parada cardiorrespiratória, como aconteceu com Ythallo.
O chumbinho é proibido no Brasil?
A compra, venda e uso de chumbinho é proibida no Brasil. Em 2012, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), baniu completamente a comercialização do produto no país. Antes, apenas alguns estados permitiam. O uso de agrotóxicos com características semelhantes também é regulamentado.
No entanto, a substância ainda circula ilegalmente, muitas vezes disfarçada em embalagens de veneno para ratos. O chumbinho é vendido em mercados informais, como feiras e lojas de produtos agropecuários. Para as autoridades, qualquer comércio do pesticidade deve ser denunciado.
Além disso, o uso do chumbinho em ambientes domésticos pode gerar acidentes fatais, principalmente para crianças e animais domésticos. Além disso, o comércio ilegal também propicia o us da substância para outros crimes, como assassinato ou suicídio.