Gugu Liberato morreu na última sexta-feira (22), aos 60 anos. Ele caiu de uma altura de quatro metros em sua casa em Orlando, nos Estados Unidos, na quarta-feira (20), após o chão do sótão ceder enquanto ele consertava um ar-condicionado.
Em virtude da gravidade neurológica, de acordo com a assessoria do apresentador, não foi indicado cirurgia. A morte encefálica foi confirmada por Guilherme Lepski, neurocirurgião brasileiro chamado pela família que, após ver as imagens dos exames em detalhes, confirmou a irreversibilidade do quadro clínico.
Após ser socorrido, Gugu deu entrada no hospital em escala de Glasgow 3. Mas o que isso significa?
NOTÍCIAS NADA BOAS
De acordo com o neurocirurgião Leonardo Takahashi, existem três critérios a serem analisados para determinar estado de coma na Escala de Glasgow: abertura ocular, melhor resposta verbal e melhor resposta motora. A menor pontuação possível é uma nota 3, como a do apresentador, e a maior, 15.
“Essa pontuação baixa revelava um paciente com seu nível de consciência completamente comprometido e não responsivo a qualquer estímulo externo. No caso de uma pontuação de 15, a pessoa está na plenitude e normalidade do seu nível de consciência. Entre os dois valores, há uma ampla variação de possibilidades variando da pontuação 4 a pontuação 14”, explica o especialista.
EM QUAIS CASOS TOMAR CUIDADO?
Em uma pontuação de 3 a 8 o paciente é considerado portador de traumatismo craniano grave. De 9 a 12 enquadra-se em moderado e, de 13 a 15, leve.
Podem ser considerados graves: eventos vasculares como arritmia cardíaca, infarto, hemorragias cerebrais, diabetes, insuficiência renal, cirrose hepática, intoxicação exógena (etanol, cocaína, maconha e barbitúricos), epilepsia, distúrbios psiquiátricos e doenças como tumores e infecções que acometem o tecido cerebral.
“Dessa forma, concluímos que pacientes classificados como Glasgow 3 são aqueles com grave comprometimento do nível de consciência e que exigem medidas de urgência ou emergência por uma equipe multidisciplinar”, completa.
AINDA DÁ PRA SER SALVO?
Takahashi destaca também que, no caso de uma nota baixa na escala, como a 3, ainda pode ser possível salvar o paciente, mas antes é necessário avaliar uma série de condições:
1. A gravidade da lesão encefálica e de outras lesões em outros sítios na admissão hospitalar.
2. O tempo decorrido para os primeiros socorros e para o transporte a um hospital terciário ou quaternário.
3. O tempo para se realizar o diagnóstico, que teria que ser o menor tempo possível.
4. Infraestruturas de complexidade do hospital, como recurso humano (neurocirurgiões, cirurgião geral, intensivistas e médicos emergencistas), assim como recurso material (UTI, tomografia, centro cirúrgico especializado, banco de sangue).
COMO TRATAR?
“Isso pode variar, indo desde uma neurocirurgia para correção de fraturas cranianas, drenagem de hematomas, alívio da pressão intracraniana até a não intervenção cirúrgica como hipotermia controlada, sedação contínua proporcionando um coma induzido por medicações e correção medicamentosa da pressão intracraniana e dos eletrólitos num ambiente de UTI neurointensiva”, conclui o neurologista.