A vida de Júlio Andrade andou bem agitada nos últimos anos. Além de uma participação especial como o personagem Sinésio, na novela ‘Amor de Mãe’, o gaúcho de 43 anos esteve em dois filmes e ainda gravou outros dois seriados ao mesmo tempo: ‘Sob Pressão’ e ‘1 Contra Todos’.
Além de curiosidades sobre os bastidores do programa médico, que está indo para a 4ª temporada, ele conta para AnaMaria Digital que a equipe da série exibida pela TV Globo não esperava que o produto fosse tão bem aceito e tivesse vida longa. “E que bom que isso aconteceu, pois eu acredito que essa série tem ainda um caminho bacana para percorrer”, avalia ele, intérprete do protagonista da história ao lado de Marjorie Estiano.
FIM DA LINHA
Por outro lado, este ano o ator se despede do personagem Cadu, uma espécie de ‘anti-herói’ da série ‘1 Contra Todos’, cuja 4ª e última temporada é exibida toda sexta-feira, às 22h30 no Fox Premium 2, com episódios duplos. A produção original e nacional também está com todos os 8 episódios disponíveis para maratonar no App da FOX para assinantes Premium.
O papel feito por Júlio, que é baseado em uma história real, lhe rendeu duas indicações ao prêmio Emmy Internacional de melhor ator. “Ele é um cara que sempre está no lugar errado, na hora errada, e acaba se dando mal por algum motivo externo que não nada tem a ver com a vida dele”, conta o ator.
Neste bate-papo exclusivo, ele ainda fala sobre a preparação para seu novo trabalho, um seriado sobre a vida do sociólogo Herbert de Sousa, o Betinho, além de seus planos para o futuro e como está sendo ficar em isolamento social por conta do novo coronavírus. “Enxergo esse momento como uma oportunidade única da gente valorizar a presença do outro em nossas vidas”, diz.
Confira a entrevista na íntegra!
Qual a sua expectativa para a estreia da 4ª temporada de ‘1 Contra Todos’?
Espero que as pessoas gostem da série, embarquem numa viagem e se despeçam também de um trabalho que foi tão legal de fazer. Tenho as melhores expectativas possíveis!
Na série, você interpreta Cadu, que é injustamente condenado pelo crime de tráfico de drogas. Acha que a vida do personagem vai melhorar depois de tantas reviravoltas?
Tínhamos um material muito bom na primeira temporada, que era o fato do Cadu ser baseado na história real de uma pessoa presa injustamente por um crime que não cometeu. Ele também é um cara que está sempre no lugar errado, na hora errada, e acaba se dando mal por algum motivo externo que nada tem a ver com a vida dele. E na tentativa de se salvar, acaba se envolvendo em mais confusões e deixando a vida cada vez mais complicada. Nessa nova temporada, todas as situações pelas quais passou chegam num desfecho coerente com a trajetória dele. É muito interessante observar a evolução toda do Cadu, vale a pena conferir!
Como foi a construção desse personagem? Você fez algum tipo de laboratório especial para interpretá-lo?
Na primeira temporada, minha inspiração pessoal para embarcar no personagem era o fato do Cadu ter sido preso injustamente. Nunca passei por isso, mas sempre quis vivenciar essa história como se fosse verdade. Esse foi o empurrão que lancei mão para construir esse personagem tão rico e interessante. Sem falar no fato de o Cadu ter passado, ao longo de toda sua trajetória, por uma série de primeiras vezes em experiências distintas, e nem sempre corretas, como experimentar drogas, se meter em política, ser procurado… Além disso, ele é um cara que se preocupa com a família, e esse fato também me aproximou.
Qual aprendizado você tirou do Cadu?
É muito difícil falar o que aprendemos com cada personagem, pois isso vai muito do nosso inconsciente. A gente é um pouco do personagem que a gente faz, pois emprestamos um pouco de nós mesmos. Na realidade, existe uma comunhão entre personagem e persona. Mas saio de “Um Contra Todos” mais experiente como ator e um pouco mais humano como pessoa.
Sua participação em ‘1 Contra Todos’ te rendeu duas indicações ao prêmio Emmy Internacional de melhor ator. Como se sente em relação a isso?
Quando eu faço um trabalho, nunca penso na repercussão, o que vai gerar, quantos espectadores vão assistir… O prêmio é muito bem-vindo, e foi uma grande surpresa pra mim quando recebi a notícia. Mas realmente não é algo que eu penso ou levo em consideração na hora de fazer e filmar.
O que o público pode esperar desta última temporada?
O público pode esperar dessa última temporada muita ação, situação limite, adrenalina e emoção. Sem dúvida é uma série que carrega muitas emoções, então o público pode esperar mais adrenalina do que nas primeiras temporadas. Acho que essa última temporada é o ápice da adrenalina.
Júlio Andrade em cena como Cadu na série ‘1 Contra Todos’ FOTO: Divulgação
OUTROS PAPÉIS
Sabemos que ‘Sob Pressão’ é um sucesso. Lá no início, você esperava que tivesse esse retorno do público e da crítica?
Este é um trabalho que trata de um tema que pouquíssimas pessoas tinham tocado ainda. Era um gênero que a gente estava investigando e apostando. Primeiro fizemos o filme e depois foi o piloto – que é o primeiro episódio da primeira temporada -, e hoje já estamos indo para a quarta leva de episódios. Quando fizemos o filme, já se esperava fazer uma série, mas com certeza não esperávamos que fosse tão bem aceita. E que bom que isso aconteceu, pois eu acredito que essa série tem ainda um caminho bacana para percorrer.
Para viver o médico Evandro, de ‘Sob Pressão’, você precisou adquirir conhecimentos mais técnicos?
O elenco principal fez um laboratório no início da temporada, e foi bem difícil pra mim pois tenho um pouco de dificuldade com essas coisas de medicina. Entretanto, era fundamental me aprofundar no tema para viver o doutor Evandro. Durante as filmagens, haviam pessoas que nos acompanhavam e ensinavam, por exemplo, como segurar um instrumento e tudo mais que um médico precisa saber. Tínhamos que aprender em pouquíssimo tempo para, assim, poder fazer uma cena legal e passar veracidade com ela.
O ator dá vida ao médico Evandro em ‘Sob Pressão’ FOTO: Divulgação/ TV Globo
Além de atuar, você também gosta de dirigir, né? Conte-nos um pouco sobre essa experiência.
A direção sempre caminhou junto comigo. Em todos os filmes que fiz, eu sempre prestei muita atenção na direção, fotografia, som, em todo o mecanismo que é necessário para se fazer uma obra audiovisual. E por ter trabalhado com muita gente boa e diretores importantes do nosso cinema, fui aprendendo um pouco com eles e minha vontade de dirigir foi se tornando cada vez mais latente. O [diretor] Andrucha Waddington me deu esse presente, que foi dirigir dois episódios de “Sob Pressão”, e esse é um ponto de partida pra eu poder fazer mais e dirigir mais.
Você interpretará o sociólogo e ativista Herbert José de Sousa, na série ‘Betinho’. Como está a expectativa para esse trabalho?
O Betinho foi um precursor em várias coisas. Ele foi um sociólogo, um ativista de Direitos Humanos, um cara que lutou contra a fome, e sempre foi preocupado com o outro, além de muito humano. Só tenho a agradecer por mais esse presente que chegou em minhas mãos e esse desafio gigante de fazer esse cara e contar a história dele na tela. Acho de extrema importância, principalmente nesse momento que a gente tá vivendo hoje, que as pessoas conheçam a história dele. Precisamos contar as histórias dos nossos verdadeiros líderes. Pretendo fazer esse trabalho com muita dedicação e muito amor.
Quais os seus planos para 2020?
Esse ano eu vou filmar o ‘Betinho’ no primeiro semestre e, no segundo, tenho duas temporadas de ‘Sob Pressão’. Eu quero me engajar mais politicamente, ficar mais atento ao que está acontecendo e tentar fazer a diferença de verdade, não ficar só replicando coisas na internet. Eu quero lutar contra a barbárie e ajudar as pessoas, de uma forma também a agradecer tudo que aconteceu na minha vida.
EM FAMÍLIA
Consegue dividir bem o tempo entre o trabalho e a família [Júlio é casado e pai de dois filhos]?
A questão da família talvez seja, pra mim, a mais difícil da minha profissão. Ficar longe dois ou três meses é muito difícil. Mesmo assim, tento ser o mais presente possível e, no intervalo de cada trabalho, me dedico só à minha família. Tento compensar o tempo que fiquei longe. É sempre muito difícil, mas é como tem que ser. O melhor de trabalhar é saber que, quando você volta, você tem uma família.
Júlio Andrade é casado com Elen Cunha FOTO: Instagram: @julinhoandrade
Devido a pandemia do Covid-19, a maioria das pessoas estão em casa. Como está lidando com essa fase de ‘confinamento’?
Enxergo esse momento como uma oportunidade única da gente valorizar a presença do outro em nossas vidas. É muito difícil ficar sozinho, enclausurado, longe de quem a gente gosta. Espero sinceramente que, após isso tudo, as pessoas se aproximem da forma mais humana possível e que a gente mude hábitos para o melhor.