O glaucoma, doença que atinge o nervo óptico e envolve a perda de células da retina responsáveis por enviar os impulsos nervosos ao cérebro, entrou na vida de José Ortiz, hoje com 77 anos, quando ele estava com 52.
Na época, durante uma consulta médica, a especialista fez o exame de fundo do olho e percebeu que a pressão interna do órgão estava muito alta. Apesar disso, o aposentado lembra que não sentia qualquer tipo de sintoma que indicasse o problema.
“Como o meu pai teve, sabia que precisava cuidar, mas achava que fosse algo para me preocupar mais para frente, não tinha essa noção da importância de procurar o médico para exames de rotina. Acabei indo para ver o grau do óculos e descobri”, conta.
Apesar de silenciosa, a doença é bastante presente na população brasileira. Dados do Ministério da Saúde indicam que atinja cerca de 1 milhão de pessoas acima dos 40 anos, sendo que o risco dela aparecer triplica a partir dos 70 anos de idade.
“Um dos principais indícios é a perda da visão periférica, mas como é bem sutil no início, a pessoa acaba não percebendo sozinha”, observa a médica. Ela ressalta, porém, que a consulta oftalmológica de rotina já permite avaliar o risco do glaucoma. “Contudo, seu diagnóstico pode depender de exames complementares, como o campo visual.”
NÃO É SÓ COISA DOS MAIS VELHOS
Segundo Lisia, apesar da maioria dos casos de glaucoma acontecerem em pessoas acima dos 40 anos, os mais jovens não estão ilesos de passarem por isso, pois alguns tipos – como o juvenil e o congênito – podem surgir em qualquer idade.
“Portanto, o ideal para prevenção é se consultar com oftalmologista anualmente e avaliar seu risco”, ressalta.
Lisia também observa que problemas na visão comuns na população, como a miopia (dificuldade em enxergar de longe), podem aumentar os riscos de desenvolvimento do glaucoma. “Mas vale ressaltar que o astigmatismo -outro problema recorrente- não tem relação com glaucoma”, diz.
TRATAMENTO
José conta que, após descobrir a doença, passou a fazer acompanhamento semestral com um oftalmologista, além de pingar um colírio específico diariamente. A especialista explica que esse tipo de tratamento clínico é feito com colírios hipotensores.
“De diversas classes diferentes (como betabloqueadores, alfas adrenérgicos, prostaglandinas, etc.), eles ajudam a manter a pressão controlada”, ressalta.
Já o tratamento cirúrgico pode ser feito com uso de laser e cirurgias. “A melhor indicação depende do tipo do glaucoma e da gravidade da doença no momento da avaliação”, observa a médica.
ATENÇÃO
“Existe um risco maior para glaucoma em pacientes com parentes de primeiro grau acometidos. Algumas fontes falam em risco 6x maior que na população geral. A possibilidade de alguém desenvolver glaucoma ao redor dos 40 anos é de 0,5 a 1% na população geral. No entanto, ao redor dos 80 anos, o risco aumenta bastante (por volta de 6%)”, afirma.
Por isso, vale o lembrete: procure o oftalmologista pelo menos uma vez ao ano para checar a saúde de seus olhos!