Rafaela e Neilton, pais do menino João Pedro Mattos, concederam uma entrevista ao programa ‘Encontro’, exibido na manhã desta quarta-feira (20), para falar sobre a morte do filho, que tinha 14 anos e foi vítima de uma ação policial no Rio de Janeiro (RJ).
“É um sentimento que não desejo para o meu pior inimigo. Perder um filho é como arrancar algo de dentro. Não tem explicação você perder uma criança que você amou em minutos. Tiraram o meu sonho, o sonho do meu filho, da minha família. Destruíram a minha família cruelmente. Ele estava numa casa junto com seu primo, com outros amigos, jogando no celular”, lamentou o pai do jovem.
Neilton detalhou como foi chegar em casa após a operação da Polícia Federal (em conjunto com a Polícia Civil). “Chegamos e encontramos os adolescentes fora da casa, no chão, como bandidos, como porcos, como lixo. Coisa que eles não são. Cinco adolescentes, mas o total era seis. Faltava um. E esse um era o meu filho […] Fomos encontrá-lo depois de 17 horas no IML (Instituto Médico Legal) com um tiro de fuzil, morto”, continuou.
Para a mãe de João Pedro, é inadmissível a falta de contato da polícia com a família, já que eles não avisaram sobre a morte do menino. “A minha esperança era encontrar ele com vida. Se eles realmente socorreram, por que não entraram em contato? Por que não levaram para um hospital perto? […] Fomos encontrar somente no dia seguinte já no IML”, analisou Rafaela.
“CREIO NA JUSTIÇA”
“Fica um sentimento de impunidade. Ele pedia para ir para a rua e eu ficava com medo de ter operação. Ele dizia: ‘mãe, você me prende muito’. Nesse dia que ele foi para casa do primo, eu deixei ele ir. Fica um sentimento de muita tristeza. Eu não vi o meu filho, não pude dar um abraço nele. Tinha tanta esperança de encontrar ele com vida”, declarou a mãe.
Neilton diz que tem esperança na Justiça, seja na do homem ou na de Deus. “Queria que o Estado nos procurasse. Estamos praticamente abandonados. Mas eu creio na justiça e ela vai ser feita. Creio na justiça aqui da Terra e, principalmente, na justiça de Deus. Ela vai ser feita, tenho certeza. Se a daqui da Terra não for [feita], a divina vai. Essa é minha esperança”, concluiu.
A Delegacia de Homicídios de Niterói abriu inquérito para investigar a morte de João Pedro. O delegado Allan Duarte afirmou que a vítima era inocente.