IZA, escrito assim mesmo, com letras maiúsculas, se tornou um dos nomes de maior destaque da música brasileira nos últimos anos. E mesmo sendo considerada um ícone de beleza, ela confessa, neste bate-papo exclusivo com AnaMaria Digital, que tinha problemas de aceitação: “Me olhava no espelho e não gostava do que via.”
E essa modéstia toda também aparece quando se trata de música. Indicada em uma das premiações musicais mais importantes do mundo logo por seu primeiro trabalho em estúdio, o álbum ‘Dona de Mim’, de 2018, ela não liga de não ter levado a estatueta:
“Concorri com Erasmo Carlos, meu Deus! Quando eu imaginei que isso aconteceria? Fiquei muito lisonjeada e muito grata. Só me deu forças para seguir meu trabalho”, diz.
A partir daí, ninguém mais segurou IZA. No ano passado, por exemplo, além de virar uma das juradas do ‘The Voice Brasil’ e de apresentar o ‘Só Toca Top’, na TV Globo, a artista ainda emplacou um feat com Ciara e Major Lazer, nomes de sucesso internacional. “Poder estar perto de tantos talentos é uma alegria”, diz.
Nesta entrevista exclusiva para a AnaMaria Digital, a estrela abre o jogo sobre carreira, comparações com outras cantoras, conta quem é seu maior ídolo na música brasileira e ainda fala sobre como lida com as críticas. “As gratuitas, tenho não prestar atenção. As construtivas, aí sim”, garante.
Confira na íntegra!
CARREIRA
Como surgiu sua paixão pela música?
Eu sempre cantei na igreja quando nova, mas era algo que não pensava como carreira. Minha família sempre foi muito musical, então, isso habitualmente esteve presente na minha vida, nas reuniões de família, no meu dia a dia. Penso que sempre tive esse amor pela música desde o berço, e isso foi só crescendo com o tempo.
Seu primeiro álbum, ‘Dona de Mim’, nasceu em 2018 e foi indicado ao Grammy Latino na categoria ‘Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa’. Como foi receber esta notícia?
Eu fiquei chocada quando soube. É uma coisa muito grande, é a maior instituição e premiação da música. Eu não esperava que isso fosse acontecer logo no meu primeiro trabalho, mas eu fiquei muito feliz. As pessoas dizem que é muito clichê dizer que fiquei feliz só de ser indicada, mas é isso. Eu concorri com Erasmo Carlos, meu Deus! Quando eu imaginei que isso aconteceria? Fiquei muito lisonjeada e muito grata. Só me deu forças para seguir meu trabalho.
O que te inspirou a fazer ‘Dona de Mim’?
Quando criamos esse álbum, eu quis colocar tudo o que eu mais gosto de cantar. Foi quase um ano e meio de trabalho em cima desse disco e ele é o retrato de muita entrega. Já a música que dá nome ao disco, sem dúvida, foi inspirada nas mulheres fortes da minha família. Minha mãe, principalmente, me ensinou a ser quem eu sou, a falar o que precisa ser dito e confiar em mim mesma.
Você já foi comparada com outras cantoras no início da carreira?
As comparações sempre existem. Mas eu acho que cada uma tem seu espaço. Tudo certo.
Qual a lembrança mais marcante dessa época?
Eu me dei conta do que estava acontecendo comigo quando as pessoas começaram a me reconhecer na rua.
Como é a experiência de ser uma das juradas do ‘The Voice’?
Maravilhoso. Eu sempre gostei muito do programa, da proposta, acho muito completo. Sempre gostei de conhecer novos timbres, novos vibratos, pesquiso muito sobre isso sempre e poder estar perto de tantos talentos é uma alegria.
A cantora é uma das juradas do ‘The Voice Brasil’ FOTO: Isabella Pinheiro/Gshow
REPRESENTATIVIDADE
Vejo muitas meninas que têm você como referência. Como se sente ao saber que, hoje, você é uma inspiração para elas?
É muito bacana ser inspiração para outras mulheres. Eu sempre digo que lembro a menina que fui quando era mais nova e sei como é importante me ver nos lugares, me sentir representada, ouvir um mulher forte dizendo todos os dias que eu posso! Me sinto lisonjeada.
Em que momento você percebeu a importância da sua representatividade para meninas negras?
Acho que todo artista só tem noção do papel que exerce na vida das pessoas quando elas nos retornam as vivências delas com a nossa música, as experiências que tiveram lendo uma entrevista nossa ou nos vendo na TV. Fico muito feliz em saber que o meu ponto de vista é uma questão atual, que precisa ser falada, que também está na cabeça de outras pessoas. É uma conexão muito especial.
Até pouco tempo, não tínhamos tantas referências de mulheres negras como hoje. Você se inspirava em alguém?
Me inspirava muito nas mulheres da minha família. Minha tia-avó, Lurdes, minhas tias e minha mãe, principalmente. Algumas artistas como Elza Soares, Donna Summer e Nina Simone me inspiraram pela força e pelo papel que exerceram ou exercem na música.
Quem são os seus ídolos do mundo artístico?
São muitos, mas no Brasil, acho que minha maior referência é a Alcione.
IZA e Alcione cantando juntas FOTO: Globo
BELEZA
Você é vaidosa?
Sou sim. Gosto muito de me cuidar, de cuidar da minha pele, do meu corpo, do meu cabelo.
Já se sentiu insegura em relação a aparência em algum momento?
Claro. Eu me olhava no espelho e não gostava do que via, das minhas formas, do meu cabelo. Eu não sabia me achar bonita. A mudança veio com a o tempo, com a maturidade, quando entendi que não tinha que me encaixar em um padrão.
DESISTIR? JAMAIS!
Já pensou em desistir em algum momento?
Nunca. Quando eu trabalhava na área de publicidade, estava infeliz com o que eu fazia. E comecei a pensar no que queria fazer pro resto da vida, mesmo que de graça. E a música foi a única resposta.
Como você lida com as críticas e haters?
Nunca é fácil, mas eu acho que sou abençoada. Em primeiro lugar, tenho uma quantidade de fãs incríveis. As críticas também sempre vão existir. As gratuitas, tenho não prestar atenção. As construtivas, aí sim.
Quais são os seus desejos para o futuro?
Quero cantar pra sempre, para o maior número de pessoas possível.
IZA durante uma de suas apresentações FOTO: Instagram: @iza/ Carol Caminha