Assim que a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) chegou ao Brasil, diversos estados do país determinaram o período de quarentena para evitar a proliferação da doença. Entre as medidas adotadas, também estavam a suspensão das visitas de familiares em casas de repouso para idosos. No entanto, por mais que esses locais tenham se adequado à nova realidade utilizando recursos tecnológicos, nada supera o contato físico.
Pensando nisso, o Residencial Geriátrico Três Figueiras de Gravataí (RS) criou o “túnel do abraço” para que as visitas possam ocorrer de forma segura e impedir que os idosos se sintam solitários durante esse período.
“Antes da iniciativa, estávamos há 60 dias em isolamento social, apenas com visitas por videochamada e também no portão, onde o familiar utilizava máscara de proteção e o idoso permanecia dentro da clínica e o familiar permanecia do lado de fora. Nisso, não tinha abraço, toque e nem nada”, explica Rubia Mara Santos Lima, administradora do residencial, à AnaMaria Digital.
Certo dia, Rubia estava usando as redes sociais quando se deparou com um vídeo americano, em que neto e avó apareciam se abraçando com a ajuda de um plástico. “Quis trazer aquele abraço para cá”, diz a administradora. Com isso, encaminhou a ideia para uma artesã que confeccionou o túnel. “Tivemos que realizar algumas modificações no plástico para dar acessibilidade para cadeirantes e, por isso, não optamos pela cortina, mas sim por um túnel”, detalha.
Foto: Divulgação/Nathalia Santos Lima
NA PRÁTICA
Sobre a logística, Rubia explica que há um controle necessário para evitar aglomerações e o contato direto. “A gente fez uma agenda, pois ele só funciona no período da tarde. Com o horário marcado na agenda, o familiar vem até aqui de máscara, verifica a temperatura antes de entrar, lava as mãos, passa álcool em gel e entra pelo lado de fora, para evitar o contato com a parte interna da casa. Assim, o idoso vai ao encontro do familiar. Depois de cada abraço há a desinfecção do plástico, que é limpo com os produtos necessários e espera-se cerca de 30 minutos para secar. Por isso são poucas pessoas por dia”, explica.
Com 28 idosos no local, Rubia diz que a maioria já sabia sobre o vírus por conta das notícias que viam na televisão, mas foi preciso reunir todos justamente todos para explicar como seriam os cuidados a partir daquele momento.
“Com a ajuda de uma assistente social, nos reunimos e explicamos o que era o vírus que eles estavam vendo na TV e que era sério. Esclarecemos tudo e pontuamos que, a partir daquele dia, eles precisariam usar álcool em gel, máscara e nos ver usando isso também”, ressalta.
Graças à iniciativa, os idosos e familiares puderam matar as saudades presencialmente. Segundo Rubia, muitos ficaram desacreditados em poder abraçar e tocar os parentes queridos. “Eles ficaram sem acreditar, perguntando se era verdade. Todos os momentos me deixaram emocionada, poder ver eles felizes foi gratificante”, conclui.
Foto: Divulgação/Nathalia Santos Lima