“Meu filho tem 3 meses e estou com dificuldade de ‘treinar’ o seu sono. Há meios de fazer isso nessa idade?”, T. M., por e-mail.
Uma das queixas mais comuns nas consultas pediátricas no primeiro ano de vida está relacionada ao sono do bebê. Muitas mães procuram treinamentos de sono para seu filho, mas poucas realmente entendem o processo das dormidas.
O sono não é uma habilidade a ser aprendida, e sim mais um marco de desenvolvimento. Nos primeiros três meses, o pequeno está no período da exterogestação, necessitando do contato com a mãe a maior parte do tempo.
Por isso, estipular uma rotina rígida não terá nenhum beneficio nesse momento, causando apenas frustração e estresse. O ritmo circadiano (ciclo dia-noite) também só inicia após o quarto mês de vida, quando há uma maior maturação cerebral.
A partir daí, a rotina da família pode ser organizada, enquanto algumas sonecas durante o dia podem ocorrer (não há uma duração fixa ou número certo). Alguns bebês dormem mais e outros menos.
Crianças em aleitamento materno em livre demanda podem ou não dormir de 10 a12h à noite, com um a três despertares noturnos para mamar. O nenê em uso de fórmula artificial segue o mesmo padrão. Vale lembrar que, caso ele não solicite a mamada, não precisa acordá-lo.
É isso: rotina e rituais de sono podem ser construídos ao longo dos meses, após o quarto mês. O crescimento e desenvolvimento não são lineares. De um mês para outro, o sono pode mudar em alguns períodos.
O sono da criança só vai completar seu amadurecimento entre 3 e 5 anos de vida. Por isso, o bebê dormir a noite toda, antes do primeiro ano, sem despertar para mamar, pode repercutir no seu desenvolvimento. Distúrbios do sono devem ser avaliados individualmente antes dessa idade.
FLAVIA SCHAIDHAUER Pediatra, Mestranda em Pediatria pela PUC-RS e PósGraduada em Emergência Pediátrica pelo Hospital Israelita Albert Einstein – HIAE. Co-founder do Meu Dr. Kids (@meudrkids). Ativista da Rede Nacional de Humanização, autonomia do parto e nascimento.