Jéssica Ellen abriu seu coração sobre uma situação de sua infância nas redes sociais, na última segunda-feira (17).
A atriz compartilhou um texto em seu perfil do Instagram relatando assédio que sofreu na infância.
“Quando eu era criança e morava na Rocinha em frente a nossa casa tinha uma birosca. Essa birosca era frequentada por muitos homens adultos. Entre esses muitos homens adultos tinham um velho branco com mais ou menos uns 70 anos”, começou ela.
“Quando eu estava com a minha mãe e a minha irmã mais velha, ele ficava quieto e não mexia comigo. Sempre que eu estava sozinha na laje estendendo a minha calcinha, ele ficava chamando meu nome. Dizia que eu era muito bonita e que na casa dele tinha muitos doces”.
A artista relembrou a sensação que teve na época: “Eu tinha medo dele e tinha nojo também. Não sabia exatamente o porquê. Quando você é criança você sente o incômodo, mas não sabe muito bem dar o nome as coisas né? O olhar dele me dava nojo e era sempre assim: quando eu estava com algum adulto ele era silencioso, quando eu estava sozinha ele sempre me abordava”.
“Um dia contei para minha mãe que o velho ficava falando que eu era bonita (mesmo sendo apenas uma criança). Minha mãe na hora perguntou: o que ele fez? Ele te tocou? Eu disse: ‘Não mãe, ele não me tocou, mas toda hora fica falando que eu sou bonita’. Minha mãe não mediu esforços para me defender, me assegurar de que ela era e é por mim”, relatou Jéssica.
Ellen não poupou elogios à atitude da matriarca: “Minha mãe subiu na laje como uma leoa e a birosca que estava cheio de homens enchendo a cara de cachaça foi ficando vazia, vazia e o velho murcho ouvindo todas as palavras de uma senhora búfalo, minha mulher de Oyá defendendo suas crias. Ah minha mãe como você é f***. Como é bom ser sua filha”.
“Minha mãe foi (e ainda é) por mim. Minha mãe, sempre atenta, forte guerreira me defendeu, me confirmou que o assédio do velho branco era algo errado. Me livrou do possível pesadelo da pedofilia, um crime inadmissível. Mas, infelizmente muitas crianças têm suas vidas ceifadas, sua infância roubada e seu corpo invadido por homens tóxicos e criminosos”.
Ela finalizou: “Hoje, já é adulta, penso que é fundamental que conversamos com nossas crianças. Mantenham diálogos de afeto e confiança. Denunciem situações de abusos. Uma criança de 10 anos não é capaz de gerar outra vida. Cuidemos nos nossos erês! Infância é para ser o momento mais puro e belo de nossas existências na terra”.