Após ser indicada à Roça com oito votos em ‘A Fazenda 12’, Raissa Barbosa não reagiu bem e acabou se estressando com os peões. Ela, inclusive, jogou um copo de água em Biel e gritou com Lipe Ribeiro. Na madrugada da última quarta-feira (16), os participantes chegaram a pedir que a modelo fosse expulsa por agressão. Os fãs dela, no entanto, agitaram as redes sociais afirmando que ela sofre do Transtorno de Borderline. Mas afinal, você sabe o que é isso?
Para entender mais o assunto, AnaMaria Digital conversou com o psicólogo e escritor Alexander Bez e Henrique Bottura, diretor clínico do Instituto de Psiquiatria Paulista. Eles afirmam que a síndrome está relacionado à personalidade e que é caracterizado por uma instabilidade das relações interpessoais e pode ser mais comum do que pensamos.
“É uma perturbação da identidade. A estrutura do ‘eu’ é frágil, então a pessoa pode se amar ou odiar, não tem clareza do que quer, tem sensação de vazio, tem instabilidade emocional frequente em todos os setores e costuma ser impulsiva. Tem conflito na vida como um todo”, diz Bottura.
Bez explica que Borderline gera também crise depressiva, de estresse e causa oscilações comportamentais. “A pessoa não aceita ser confrontada, não tem estrutura em receber um não, porque o cérebro não age de maneira normal”, afirma. “Mas é bom lembrar que cada caso é um caso”, ressalta.
Justamente por afetar o emocional, ou seja, o controle de impulsos e a agressividade, é de alto risco que os portadores da síndrome vivam sob conflito, porque pode instaurar variações comportamentais e levar à potenciais suicidas ou até homicidas.
A equipe responsável pelas redes sociais de Raíssa compartilhou um breve texto para falar sobre o assunto com os fãs da modelo.
“Uma alegria contagiante pode se transformar em tristeza profunda em um piscar de olhos porque alguém ‘pisou na bola’. O amor intenso vira ódio profundo porque a atitude foi interpretada como traição; o sentimento sai de controle e se traduz em gritos, palavrões e até socos”, dizia o comunicado.
O QUE FAZER DIANTE DE UMA CRISE?
Os quadros de Borderline costumam variar de pessoa para pessoa e, por isso, a importância de acompanhamento psicoterapêutico aliado a medicamentos. No entanto, o cuidado no ciclo social se faz necessário.
“É preciso que as pessoas tenham paciência, atenção, compreensão e dedicação, além de evitar criar conflitos e angústias”, indica Alexander.
Bottura ainda ressalta a necessidade das pessoas do convívio social de um portador em aprender a fazer a leitura da personalidade e entender que se trata de uma pessoa diferente e com reações distintas. “São pessoas mais difíceis de negociar, reagem com intensidade. É preciso ter ciência dessas características”, analisa.
COMO TRATAR?
O tratamento para Borderline não foge da psicoterapia e da medicação que vão do ansiolítico, antidepressivo, antipsicótico até aqueles para transtorno de humor. “Isso traz conforto para o paciente, além diminuição dos riscos dos surtos ao longo do tempo”, afirma Bez.
Henrique ressalta que em alguns casos, até mesmo a família e o psiquiatra estão sujeitos a acompanhamento psicoterápico. “Os portadores são pacientes que demandam muito profissional por serem muito difíceis, então quem está envolta precisa de um suporte.”
O DIAGNÓSTICO
Por estar relacionado à personalidade, essa síndrome tem um diagnóstico difícil, e é feito apenas clinicamente, já que não tem exames de imagem e cada indivíduo tem um padrão de funcionamento em seu próprio ‘eu’. “Não é tão simples, requer conhecimento e acompanhamento do paciente”, diz o diretor.
“Tem que diagnosticar com psiquiatra clínico. Quando a gente fala em saúde mental, desconsideramos qualquer pessoa que não seja habilitada pela saúde universitária. É um diagnóstico severo”, ressalta o psicólogo.
Confira o comunicado publicado nas redes sociais da participante.