O bruxismo, popularmente conhecido como o ranger ou apertar dos dentes, teve um aumento considerável de casos durante a pandemia. Há um fator que explica esse significativo crescimento no número de casos: o emocional.
A tensão, ansiedade e estresse causados pelo medo e a incerteza gerados com o isolamento social contribuiu para o aumento do transtorno.
No entanto, ainda que o estresse tenha muita relevância na ocorrência de casos, essa não é a única causa. Problemas respiratórios e refluxo também podem interferir na ocorrência do problema.
“Portanto, é muito importante fazer uma consulta minuciosa com profissional para entender as possíveis causas que possam agir sobre a pessoa”, orienta a odontologista Adriana Gazola.
BRUXISMO DO SONO
Atividade dos músculos da mastigação que acontece em determinados estágios do sono (sono não REM). Todos nós temos essa atividade muscular enquanto dormimos, o que diferencia é a frequência e amplitude desses movimentos. Numa pessoa ‘normal’, isso acontece em média uma a duas vezes por hora.
Em um bruxômano, pode acontecer de quatro a doze vezes por hora. Nesse caso, o estresse e a ansiedade interferem de diferentes formas. Uma alteração hormonal pode provocar reações na atividade muscular durante o período de descanso. O estresse piora a qualidade do sono, provocando episódios de insônia, por exemplo.
O ranger ou apertar dos dentes acontecem em um determinado estágio do sono, próximo ao despertar (mesmo que sem retomar a consciência e voltar a dormir na sequência).
BRUXISMO DE VIGÍLIA
É uma espécie de “tic” e pode acontecer durante todo o dia. Estudos mostram que, embora a intensidade tenda a ser menor já que a pessoa está consciente, pode acontecer por um tempo mais prolongado e causar mais dores que o bruxismo do sono.
A alteração emocional é um dos fatores desencadeantes do bruxismo da vigília. Quando estamos em uma situação de perigo, medo e ansiedade, nosso cérebro entende que deve estar pronto para “fuga”, contraindo os músculos da mastigação, princípio que deveria estar em atividade apenas durante a alimentação.
Essa atividade constante dos músculos pode gerar dores, inclusive na cabeça.
TRATAMENTOS
O bruxismo não tem cura, uma vez que trata-se de um mecanismo do sistema nervoso central. Mas, existem formas de controlar e minimizar seus efeitos. A primeira coisa a fazer é uma avaliação com o dentista, para identificar se a pessoa tem o bruxismo do sono ou de vigília.
Algumas opções de conduta devem ser seguidas especificamente para o bruxismo de vigília, como o biofeedback (trata-se da pessoa se autoanalisar por alguns dias e tomar consciência desse hábito. Existem aplicativos que auxiliam no processo), e outras para o bruxismo do sono, como a placa de bruxismo.
Para o controle do problema é fundamental uma melhora na qualidade de vida e, consequentemente, na qualidade do sono. Controle do estresse e da ansiedade por meio de técnicas de mindfullness, meditação, terapia cognitivo comportamental e atividade física são extremamente benéficas.
O relaxamento cerebral e exercícios corporais, assim como uma boa alimentação, interferem na questão hormonal e, consequentemente, podem influenciar no bruxismo. Um aparelho chamado TENS atua como um tipo de fisioterapia na musculatura envolvida, promovendo um estado de relaxamento na área. Massagens relaxantes e compressa quente na região também são indicadas.
HIGIENE DO SONO
A técnica chamada higiene do sono é fundamental para quem tem o bruxismo do sono. Consiste nos cuidados abaixo:
- Deite-se quando estiver sentindo sono.
- Evite a ingestão de café, chá, chocolate e medicamentos com cafeína, assim como fumar e ingerir álcool, no mínimo, seis horas antes de dormir.
- Faça refeições leves à noite. Mantenha horários constantes para dormir e acordar, mesmo aos fins de semana.