A Ford anunciou, em 11 de janeiro, que vai encerrar a produção de veículos em suas fábricas no Brasil em 2021. A notícia repercutiu por todo o país, gerando manifestações por parte dos funcionários das fábricas no dia seguinte.
De acordo com a empresa, apenas o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, o Campo de Provas e sua sede regional, ambos em São Paulo, serão mantidos abertos.
As fábricas de Camaçari (BA) e Taubaté (SP) serão fechadas imediatamente. Já a planta da Troller, em Horizonte (CE), será fechada no último trimestre deste ano.
E AGORA?
Os carros da marca serão importados para o mercado brasileiro a partir das unidades da Argentina, Uruguai e outras de fora da América do Sul. Outra consequência será a interrupção das vendas dos modelos Ka e EcoSport, que deixarão de ser fabricados assim que o último estoque, desses modelos, acabar.
Ainda no comunicado divulgado para a imprensa, a fabricante afirmou que “a Ford continua comprometida com os clientes no Brasil e na América do Sul com um modelo de negócios ágil e sustentável baseado em uma linha de veículos icônicos, conectividade e eletrificação”.
Quanto aos consumidores antigos e donos de carros da marca, a corporação tranquilizou: “A Ford estará ativamente presente no Brasil com sua Rede de Concessionários e continuará oferecendo assistência total ao consumidor com operações de vendas, serviços, peças de reposição e garantia.”
LEI GARANTE
Toda essa mudança foi um susto para os consumidores, seja aqueles que já possuíam um carro da marca ou aqueles que haviam acabado de adquirir um modelo. Qual será o impacto direto para donos de modelos nacionais, como Ka e EcoSport, que deixarão de ser produzidos com o encerramento das fábricas brasileiras? O que acontecerá quando um consumidor precisar trocar uma peça do carro?
Para entender o que de fato mudará para essas pessoas, AnaMaria Digital procurou Eduardo Borges, vice-presidente da Autoglass, empresa que atua na área de seguros de carros e na de comércio de peças automotivas.
Borges garante que esses consumidores podem ficar tranquilos quanto à assistência técnica da Ford: “Por lei, ela [a empresa] é obrigada a oferecer peças e assistência técnica nos primeiros 10 anos de vida do veículo. Desta forma, não vejo a possibilidade de existir um total desabastecimento.”
Além disso, em sua opinião, naturalmente o mercado de reposição -que são as autopeças independentes– irá suprir uma possível falta na hora de uma troca de peças ou conserto.
Já em relação aos seguros de veículos que deixarão de ser fabricados, Borges ressalta que os consumidores não sofrerão grandes efeitos imediatamente, visto a obrigação da fábrica oferecer a assistência técnica do veículo por 10 anos.
“Com o passar do tempo essa frota irá envelhecer, começará a sair de linha e, naturalmente, as peças ficarão mais escassas, mas esse é um ciclo normal de qualquer carro que não é mais fabricado”, explica o vice-presidente da Autoglass ainda sobre a extinção dos modelos nacionais, Ford Ka e EcoSport.