MC Fioti lançou, neste sábado (23), o novo remix para ‘Bum Bum Tam Tam’, hit que ficou conhecido como ‘hino da vacina’. Acontece que a pronúncia do refrão da música lembra o nome do Instituto Butantan, de São Paulo, que desenvolveu a Coronavac em parceria com a chinesa Sinovac.
O artista gravou o clipe no dia 15 de janeiro na sede do próprio Instituto Butantan.
A letra foi atualizada para a nova gravação: “A vacina envolvente que mexe com a mente / de quem tá presente. A vacina saliente / vai curar muita vida e salvar muita gente. Vem cá vacina, tam / Vem cá vacina tam tam tam”.
No vídeo original, o MC está em uma espécie de hárem. Lá, surge um gênio da lâmpada, que o concede desejos. Agora, o contexto dos pedidos também mudou: “Na nova versão, o gênio dá três desejos: a gente vai pedir paz e saúde para a população e a cura para o coronavírus”, revelou Fioti, em entrevista à BBC News Brasil, no dia 15 de janeiro.
“O nosso funk está se agregando à medicina e isso nunca aconteceu na história”, diz o músico. “Fico muito feliz porque de alguma forma estou podendo ajudar através da música, com alegria, e incentivando as pessoas a tomar a vacina. Tem muita gente aqui no Brasil que fica em cima do muro, que não quer tomar a vacina e tal”, completou.
O clipe original, lançado em 2017, soma 1,5 bilhões de visualizações e já ficou entre os 30 vídeos mais vistos na história do YouTube mundial.
INSPIRAÇÕES E O FUNK NO BRASIL
A flauta que conduz a música é um trecho alterado da ‘Partita em Lá menor para flauta solo’, composta pelo alemão Johann Sebastian Bach.”Escuto muitos estilos de música para ter ideias e samplear. Foi através do (rapper norte-americano) Dr. Dre que conheci o Bach. Ele já sampleou Sebastian Bach”, começou o artista.
“Eu falei: caramba, quem é Sebastian Bach? Peguei o nome dele e pesquisei no YouTube e comecei a ver as partituras. E foi aí que achei a de ‘Lá menor’. Achei a flauta, tive a ideia, baixei o arquivo, sampleei e criei a letra. Foi de momento. E essa flauta mudou minha vida”, relembrou.
E a mudança foi grande. Fioti, que nasceu em Itapecerica da Serra e foi criado nos arredores do Capão Redondo, pôde se apresentar em 14 países europeus.
“Eu vim da periferia. Minha mãe cuidou de mim e dos meus irmãos sozinha. Ela sempre trabalhou de empregada doméstica, sempre sofreu. Também sofria agressão doméstica pelo pai dos meus irmãos. Então eu consegui mudar a história da minha mãe e da minha família”, declarou, também à BBC News Brasil.
O funkeiro também deu um recado para os críticos do funk. “Muitas vezes as pessoas não conhecem a história, não convivem com o estilo e querem falar pelo passado. Eu peço que parem de criticar, porque mudou a nossa vida e está mudando muitas vidas de jovens na periferia. Quantas pessoas trabalham com o funk hoje e levam o alimento para dentro de casa? Isso é errado? Isso salva vidas, tira do crime, tira moleque da rua”, disse.