A youtuber Camila Monteiro usou as redes sociais nesta semana para contar aos fãs um momento triste em sua vida: a gravidez tubária. Isso significa que o embrião, em vez de implantar no útero, o local normal e ideal, se fixa na trompa, impedindo o desenvolvimento da gestação.
Com um relato emocionado, ela revelou que apenas aguarda que o corpo se encarregue para que sofra um aborto espontâneo. “O coração bate. Ele está perfeito dentro das seis semanas de gestação, mas infelizmente está se desenvolvendo no lugar errado. Eu e o meu marido choramos a noite toda, estou na base de calmantes, sinto raiva de tudo e muita revolta”, disse ela, que é casada com Carlos Henrique Parra Rebolo.
O ginecologista e obstetra Geraldo Caldeira, que é membro da FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) e da SBRH (Sociedade Brasileira de Reprodução Humana), explica que uma gravidez assim pode acontecer por vários fatores: “Desde doença inflamatória pélvica, ou em pacientes que usaram DIU por muito tempo, que tiveram doenças sexualmente transmissíveis, como clamídia, cirurgias ginecológicas prévias, endometriose, por exemplo.”
ALGO ERRADO
Em seu relato, Camila contou ter tido a sensação de que algo estava errado em sua gestação. “Tive crise de choro em que eu gritava dizendo que perderia meu bebê. Ninguém entendeu, simplesmente acharam que era a ansiedade do primeiro trimestre, mas no meu coração de mãe eu sabia que algo estava errado com o meu filho. Eu sabia”, contou.
A youtuber não chegou a desenvolver nenhum sintoma. No entanto, Caldeira ressalta que mulheres que sofrem com uma gestação tubária podem ter sangramentos, como se fosse um aborto, ou dores do lado da trompa que está comprometida, podendo ser tanto a direito quanto a esquerda.
Ainda pode acontecer independentemente da idade da mulher, desde que ela esteja em idade reprodutiva, ou seja, quando ovulando e com a possibilidade de engravidar espontaneamente.
RISCO DE VIDA
Camila contou que resolveu ir ao pronto socorro “simplesmente por ir”, na sexta semana de gestação. Caso não tivesse feito isso, poderia correr risco de vida. O ginecologista explica que, se o diagnóstico não é feito, a gravidez se desenvolve até meados da sétima semana, acarretando problemas.
“A trompa fica muito dilatada e rompe, gerando uma hemorragia intra abdominal, que é gravíssima e precisa ser operada com urgência”, esclarece. Ou seja, realmente não é possível que essa gestação evolua.
COMO DESCOBRIR?
Para diagnosticar, Geraldo afirma que devem ser feitos exames de sangue que vão analisar o nível do hormônio beta hCG, em acompanhamento com ultrassom para encontrar o saco gestacional no útero ou fora dele.
CHANCES
A mulher que teve uma gravidez tubária tem 30% de chances de engravidar novamente na outra trompa, afirma o médico. O obstetra ressalta, no entanto, que é possível ter uma nova gestação normal, caso a outra trompa esteja saudável. “Gravidez tubária não causa infetilidade”, diz. Mas se o exame apresentar problemas, é indicado que a mulher tente engravidar através de fertilização in vitro.
TRATAMENTO
Após o diagnóstico, Camila contou que estava em casa esperando que o corpo agisse naturalmente, como indicado pelos médicos. “Se não acontecer, eles terão que induzir com medicamento ou cirurgia”, lamentou.
Geraldo explica que em casos cirúrgicos se faz uma laparoscopia. “Essa trompa está doente, então, para evitar que essa mulher tenha uma nova gravidez tubária, essa trompa é ressecada.”
EMOCIONAL
Assim, com todo o transtorno, Geraldo indica que a mulher que sofre essa condição seja encaminhada a um psicólogo para lidar com a perda do filho e da trompa.
Camila finalizou o seu desabafo lamentando o ocorrido: “Voltar pra casa sabendo que o coração do meu filho bate e se desenvolve em um lugar que não é compatível com a vida me mata aos poucos a cada minuto. Essa é uma dor vivida por muitos, mas falada por poucos. Que o Senhor nos ajude.”