Olá! Na coluna desta semana escolhi falar um pouco sobre o desenvolvimento da fala nas crianças. Trata-se de um assunto que gera muita dúvida nos papais e mamães.
Mesmo com o teste da orelhinha normal – realizado obrigatoriamente ao nascimento-, o desenvolvimento da fala e da linguagem devem ser observados de perto, pois alguns problemas auditivos podem surgir durante o crescimento.
E como ouvir é fundamental para o desenvolvimento da linguagem, uma criança chamada de “distraída” ou “preguiçosa para falar” pode, na verdade, não estar escutando bem.
Existem diversos sinais que nos ajudam a perceber se audição e a linguagem estão dentro do esperado para cada faixa etária. Separei algumas dicas:
BEBÊ DE 0 A 3 MESES
Na audição, ele reage a sons altos ou repentinos e se acalma com a voz da mãe. Também pode assustar e acordar do sono com o barulho. Já em relação à linguagem, nessa idade é o choro! O bebê chora quando quer algo e se acalma com a voz da mãe.
BEBÊ DE 3 A 6 MESES
Nesse período, ele começa a olhar e movimentar a cabeça procurando o som. Presta atenção aos pequenos barulhos, reconhece a voz da mãe e também mudanças na tonalidade da voz dos pais. Próximo aos 6 meses presta atenção aos ruídos do ambiente e atende ao próprio nome.
Em relação à linguagem, inicia-se a emissão de sons sem significado, os balbucios. Próximo dos seis meses começa a produção de sons com padrão de repetição e algum significado. O bebê grita e fica satisfeito com a própria emissão sonora.
Nessa fase, canções de ninar, o toque e o contato pelo olhar são estímulos importantes que auxiliam o desenvolvimento.
CHEGAMOS AOS 9 MESES
Nesta etapa, o bebê reage de maneira diferente a sons fortes e fracos e também localiza e reconhece sons familiares. Pode responder ao próprio nome e entende palavras simples, como “mamãe”, “papai”, “tchau” e “não”. Consegue localizar a fonte sonora para o lado e indiretamente para baixo.
Na linguagem, ele já bate palmas, joga beijo e reclama quando contrariado! Começa a imitar sons produzidos pelos adultos e sons de animais durante brincadeiras, por exemplo.
1º ANO DE VIDA
Nessa idade a criança já associa sons aos objetos, entende comandos simples e reconhece algumas palavras (não, papa, mamãe, papai, vovô e vovó). Na linguagem, iniciam-se as primeiras palavras, aponta para brinquedos e alimentos quando solicitado!
18 MESES
A criança deve entender frases simples e poder pegar objetos familiares a ela quando solicitado. Reconhece e aponta para partes do corpo sem a necessidade de gestos. Também utiliza frases curtas para se fazer entender. Seu vocabulário aumenta para 20 a 50 palavras.
Nessa fase é fundamental interagir e brincar coma criança. Aos poucos, ela começa a substituir os gestos indicativos por palavras! Portanto, aproveite e converse, estimulando que peça. Mesmo que seja difícil entender o que ela fala! Cantigas e músicas são excelentes instrumentos para o desenvolvimento da comunicação.
FELIZ 2ª ANO DE VIDA!
Nesta fase, a criança atende e realiza ordens simples, além de responder a perguntas feitas pelos adultos. Consegue localizar a fonte sonora de qualquer ângulo. Refere-se a si mesmo pelo nome, também conseguindo sentar e escutar histórias e músicas simples.
Na linguagem há um aumento importante do vocabulário falado ( minimo de 50 palavras) A comunicação é feita através de sentenças simples, com duas ou três palavras. A fala deve ser entendida por adultos que não têm contato direto com a criança.
Entre 3 e 5 anos a criança deve entender tudo o que é dito pelo adulto e perguntar quando não compreender. Usa frases mais complexas, empresa o plural e consegue expressar melhor as suas necessidades. A linguagem falada é utilizada para expressar desejos, emoções e perguntar.
Por volta dos 3 anos é comum que a criança fale de si na terceira pessoa e forme frases longas, mesmo que mal pronunciadas. Também pode gaguejar quando ficar excitada. Entre os 4 e 5 anos podem ainda ocorrer trocas na fala, que não deverão persistir até o período de alfabetização.
Vale lembrar que cada criança tem seu tempo de desenvolvimento! Algumas vezes ela não faz tudo que está descrito. Portanto, não se preocupe! Observe. E, na dúvida, procure um médico!
*DRA. MAURA NEVES é formada na Medicina pela Faculdade de Medicina da USP. Residência em Otorrinolaringologia pelo HC- FMUSP. Fellow em Cirurgia Endoscópica pelo HC- FMUSP. Doutorado pela Faculdade de Medicina da USP. Médica Assistente do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo -SP. Aqui na Revista AnaMaria, trará quinzenalmente um conteúdo novo sobre a saúde do ouvido, nariz e garganta. Instagram: @dra.mauraneves