Você acha que moda plus size é cara? Pois saiba que é comum ouvir mulheres questionando os preços deste tipo de peça. Também é recorrente que essas mulheres comparem os valores da moda plus size com o das peças de moda tradicional, concluindo que são mesmo mais caras.
Mas será que isso é uma realidade? Como especialista em moda e mercado plus size, percebo que essa consumidora tem a ideia de que tudo o que é produzido para ela deve seguir seu estilo e estar dentro da faixa de preço que pode pagar, ou seja, dentro de sua classificação econômica, o que não é algo plausível..
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Acredito que isso acontece porque a mulher plus size ainda não tem “experiência de compra”. Como não existe ainda uma grande variedade e oferta de peças e estilos nesse mercado, ela não sabe como se movimentar.
Um bom exemplo disso é que quando uma mulher magra quer comprar uma roupa barata. Ela já sabe aonde ir: em um centro de compras de varejo ou em uma rede varejista. Se quer uma roupa com um pouco mais informação de moda, mas que não seja tão cara, ela recorre geralmente à fast fashion.
E, para algo mais exclusivo, com mais informação de moda e qualidade, é só ir a uma loja de shopping ou boutique especializada. Isso nos mostra que quando se trata da moda regular, que são os tamanhos de roupas que não se enquadram na moda plus size, as mulheres têm opções e sabem o que podem comprar com o orçamento que têm disponível, sabendo exatamente aonde ir para conseguir. Ou seja, elas têm “experiência de compra”.
A mulher que veste moda plus size não tem variedade, disponibilidade e oferta a sua disposição. Tudo o que é lançado, seja barato ou não, gera muito desejo nela, assim com muita frustração também.
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Na moda regular, existem o que chamamos de ‘formatos de varejo de moda’, dentro de unidades de negócios, que são:
- lojas de departamento
- lojas de especialidades
- lojas independentes
- lojas off price
- pontas de estoque
- outlets
- lojas de fábrica
- catálogos
- boutiques
- grifes
- maison
- mercados livres
- produtores autorais independentes
Mas, quando falamos em moda plus size, não existe ainda produção de roupas em todos esses formatos. Falta muita coisa. Várias peças que circulam normalmente na moda regular, não existem na moda plus size. E o que é produzido hoje, ainda é muito escasso. Daí a frustação dessa mulher quando percebe que o que é lançado, nem sempre cabe no seu poder de compra.
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Uma segunda questão é a precificação em si, que geralmente se dá através de um balanço entre custos, concorrência e demanda. Dentro da moda plus size, não há alta demanda produtiva e concorrência, além de contarmos com altos custos de produção, o que não pressiona a baixa de preços.
Uma terceira questão que deve ser levada em consideração e que, para mim, precisa de atenção urgente é a cadeia produtiva, que dentro do mercado de moda plus size é deficitária.
Posso dizer que não há formação de profissionais para produzir nesse segmento. Logo, não temos grandes ofertas de modelistas, costureiras, estilistas e até professores especializados dentro de instituições educacionais. Além disso, há deficiência de maquinário e equipamento adequado para essa produção, como mesa de corte e máquinas de costura adequadas para essas peças maiores. Também não temos tecidos na metragem adequada para esses cortes. Como proporcionar uma diversidade produtiva diante de tão pouca estrutura?
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Reforço então, que a experiência de compra do público-alvo, oferta de peças nas unidades de negócios existentes, cadeia produtiva, precificação e concorrência, são algumas das questões mais importantes que levam essa produção de moda plus size ter preços menos competitivos do que a oferta que há hoje disponível no mercado de moda regular.
No entanto, como especialista, acredito que atualmente a moda plus size tem um preço justo, de acordo com o momento evolutivo em que ela se encontra. Claro que não é o ideal ainda, e é por isso que trabalhamos diariamente para fazer esse mercado evoluir, crescer, desenvolver e profissionalizar. É fazê-lo chegar onde esse público merece e que hoje representa 60% da população brasileira.
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Deixo então para você, mulher plus size, um conselho: despertar para consumir melhor. Entenda que ainda estamos em um mercado em evolução e que nem tudo que for produzido vai ser para todo tipo de gosto e todo tipo de bolso.
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Enquanto isso continuamos juntas, trabalhando pelo crescimento e pela profissionalização de mercado de moda plus size. Tenho certeza de que assistiremos dias de glória, de inclusão e de respeito a esse consumidor de grande valor.
*DANI RUDZ é especialista em mercado plus size, criadora de conteúdo, consultora, empresária e executiva. Na Revista Ana Maria fala sobre moda, autoestima e tudo sobre o universo plus size. Instagram: @danirudz