Depois de viver Jéssica, personagem que a fez virar fenômeno teen em duas temporadas de Malhação, e a lutadora Diana – que levantou bandeiras contra o preconceito e a projetou ao horário nobre da Globo, em O Sétimo Guardião – Laryssa Ayres volta à TV bem diferente do que o público está acostumado a ver. A atriz vive Sarai, uma mocinha humilde e romântica, na trama bíblica Gênesis, da RecordTV.
Se a carreira vai de vento em popa, a vida pessoal também não deixa a desejar. O namoro com, a também atriz, Maria Maya segue firme e forte, e a cumplicidade e respeito entre elas é uma das coisas que mais contribuem para o fortalecimento da relação: “Procuramos nos ajudar, nos entender, dialogar e ser parceiras. Damos força uma para a outra. Crescemos e nos fortalecemos como casal, como amigas”.
Mulher de personalidade e bem resolvida, Laryssa também não deixou por menos quando sua orientação sexual veio à tona e jamais cogitou a possibilidade de isso respingar negativamente em seu trabalho: “Sempre que você vai falar alguma coisa pessoal e se expor, não sabe como isso vai ser encarado pelo público e como vai se refletir na sua própria imagem. Mas eu não fiquei preocupada em me calar, pensando na possibilidade de ficar sem trabalho por causa disso. Pensei que quem tivesse o pensamento aberto como o meu e criasse identificação, de repente, iria me chamar para trabalhar com a marca X e Y. Na verdade, acho que passam a vir os trabalhos certos, e você não perde nada”, reflete.
Outra característica marcante é a sua determinação. A jovem aproveitou a quarentena para fazer a transição capilar e assumir os cachos naturais: “Está cada vez mais forte a vontade de ser quem eu sou e, para isso ser possível, a mudança começou internamente, até ser externada e chegar como estou hoje”.
O processo requer realmente determinação e paciência, mas Laryssa tirou de letra: “A transição capilar é demorada, mas está valendo muito a pena olhar no espelho e me reconhecer”. Em entrevista à AnaMaria, ela conta como se deu o processo que elevou ainda mais a sua autoestima!
Confira a entrevista completa com a atriz!
Você desistiu da química e assumiu os fios naturais. O que a levou a tomar essa decisão?
Queria conhecer a Laryssa com o cabelo natural e me resgatar.
O processo de transição capilar está cem por cento concluído?
Depois de quase dois anos no processo, fico muito feliz em dizer que, sim, está cem por cento concluído. Depois de anos, meu cabelo está sem nenhuma química.
Foi difícil a transição?
Tem dias que dá vontade de desistir, pois nem sempre o cabelo fica como queremos. Dá vontade de voltar à praticidade de um cabelo alisado, mas vale muito a pena no final. O prazer de se reconhecer e sentir leveza nos fios parece bobagem, mas é transformador por dentro.
Você já declarou que, desde muito nova, seu cabelo conheceu a química, muitas vezes sem entender o porquê de viver alisando os fios. Para você, os cabelos lisos eram mais aceitos?
Nossa sociedade via e ainda vê o cabelo liso como um cabelo mais bem tratado e mais aceito. O preconceito ainda é muito presente com pessoas de cabelos cacheados e crespos, em especial com mulheres negras. Quando ingressei no meio artístico ainda era muito criança para reivindicar algo ou dizer não. Eu alisava ou clareava um cabelo que já era claro porque eu queria ter a mesma oportunidade de trabalho que as outras meninas.
Tem valido mais a pena se olhar no espelho e se reconhecer com a naturalização das madeixas?
Tem valido muito a pena! A baixa autoestima associada ao cabelo cacheado está relacionada a não saber tratá-lo da maneira adequada, mas o conhecimento faz com que aprovem nossos visuais naturais e nos sintamos felizes por não estarmos mais presas a um padrão de beleza.
Quem é Laryssa Ayres antes e depois da transição capilar?
É uma Laryssa feliz com sua própria natureza e que espera mobilizar não apenas a mulher em transição capilar, mas as pessoas que convivem com ela e que veem um exemplo de como lidar com as pressões sociais.
O que Sarai, sua personagem em Gênesis, e Laryssa têm em comum?
Ambas são muito parceiras da pessoa amada.
Como está sendo morar sem a namorada, Maria Maya, sua companheira há quase três anos? Sentiu necessidade de ter seu próprio espaço?
Ter uma canto para mim sempre foi uma vontade. Aliás, desde a adolescência, isso já estava em meus planos, independentemente de relacionamento. Então, quando consegui me estabilizar, fui em frente com meu objetivo. É muito importante entender que existe uma vida individual antes de ter uma vida a dois, e que pessoas vêm com suas histórias e desejos. Isso não diminui o sentimento, o respeito e a compreensão. Precisamos caminhar lado a lado e normalizar a independência também.
E como é a relação com uma diferença de idade de mais de dez anos entre vocês?
É uma boa troca, ambas colaboram com o crescimento pessoal de cada uma. Experiências diferentes que contribuem na evolução de ambas.
DESAFIO
Abandonar o alisamento e aderir à transição capilar − processo de retorno aos fios naturais após anos de tratamentos químicos − foi bastante desafiador para Laryssa.
“A parte mais desafiadora foi reaprender a cuidar do cabelo, afinal eu já sabia como lidar com ele liso. Os cachos mudam tudo, principalmente em relação aos produtos que devemos usar. Você começa a entender a nova moldura que o cabelo traz para o rosto. Além disso, tem que ter muita paciência, viu? E não desistir. Porque quando os cachos vão ganhando forma, é lindo demais. Vem uma sensação boa de satisfação e alívio pela conclusão do processo”, encerra.
CONFIRA ALGUMAS DICAS
- CABELOS NATURAIS MAIS RAPIDAMENTE
Para quem passa pela transição capilar, existem duas opções: deixar o cabelo crescer até chegar ao comprimento desejado ou fazer o BC, que é uma abreviação do big chop, traduzido para o português como ‘grande corte’.
Segundo a cabeleireira Creuza Oliveira, esse é o termo utilizado quando as crespas e cacheadas decidem cortar o cabelo, eliminando toda a parte alisada ainda na fase inicial da transição, preservando os fios mais curtos, porém totalmente naturais.
Mas ela ainda salienta que esse ‘tempo’ pode variar de pessoa para pessoa: “A definição de tempo vai ser determinada conforme a necessidade de cada pessoa de eliminar a parte lisa com o corte”, afirma.
Já Almiro Nunes, da Clínica dos Cachos, em São Paulo (SP), explica que o BC é o grande momento para a mudança. “Nós analisamos o tamanho do estrago causado pela química e tomamos uma decisão juntamente com a cliente: cortar tudo, cortar aos poucos… Depende de cada caso e cada pessoa. É o dia de assumir seu cabelo, sua verdade!”, conclui.
- PARA DEIXAR OS CACHOS NO SEU MELHOR ESTILO!
No chuveiro
A lavagem deve ser feita de forma delicada, massageando bem o couro cabeludo com a ponta dos dedos e deixando que o xampu escorra naturalmente para o comprimento e as pontas. O condicionador deve ser aplicado em toda a extensão dos fios, mas não diretamente no couro cabeludo. Na hora de enxaguar, parte do condicionador deve ficar nos fios.
Após o banho
Com os fios ainda encharcados, aplique seu finalizador favorito. Depois, retire o excesso de água com uma toalha de microfibra, papel-toalha ou com uma camiseta de algodão. A toalha comum tem fibra grossa e deixa frizz. Na hora de tirar o excesso de água, não esfregue os fios: amasse-os de baixo para cima, para formar os cachos.