“Minha filha de 13 anos vive trancada no quarto. Não aceita mais participar de programas em família e não conversa comigo. O que fazer?”, R. S., por e-mail
Essa fase de transição entre a infância e a vida adulta tem esse “poder” de mudar os filhos quase do dia para noite. E esse comportamento é normal nessa etapa. E é até saudável, sabia? Explico: é preciso ter a consciência de que o adolescente tem a necessidade de conhecer sua própria identidade. Para isso, nada mais autêntico do que a vontade desse afastamento emocional da mãe. Às vezes, até físico mesmo.
É fato que sua filha mudou. Se antes ela fazia questão da sua companhia, agora prefere a companhia dos amigos e até da solidão de seu quarto. Porque ali é o lugar mais seguro para ela. É praticamente o seu mundo. A realidade ali é mais previsível e confortável.
Cada fase do desenvolvimento de uma pessoa tem, por assim dizer, uma missão. A adolescência é o momento da diferenciação. O jovem precisa construir um lugar social para ele mesmo, com mais autonomia, independência e autenticidade.
E essa transformação começa agora e vai durar a vida toda. Se você pensa que sua filha já não precisa mais de você, está enganada. O suporte dos pais é fundamental para que possa experimentar as suas próprias escolhas com confiança e senso de responsabilidade. E evoluir assim.
A necessidade da nossa presença para eles é paradoxal. Sim, porque eles precisam que a mãe esteja ali, bem próxima, para, inclusive, decidir se distanciar dela. Decidindo pelo distanciamento, oposição de ideias, mudança de estilo de vida, autonomia… Com tudo isso, eles estão crescendo!
Nós, mães, entendemos essa permanente oposição como uma rejeição. Mas, estejam certas: apesar de muitas vezes isso não ficar evidente, seus filhos continuam amando e precisando de vocês.
NÃO LEVE PARA O PESSOAL
Para sua filha, uma das primeiras formas de se estabelecer como adolescente a caminho da vida adulta é a rejeição às pessoas que mais ama. Essa é uma forma de se entender como indivíduo e buscar a sua independência. A mãe é sinônimo de perfeição, então, nessa hora, acontece a desconstrução dessa mãe perfeita aos olhos da criança para o adolescente.
COMO NÃO SE ABALAR
Prepare-se emocionalmente para sobreviver aos ‘ataques’. Se eles são dirigidos a você, acredite, é porque a sua filha confia que pode continuar sendo amada pela mãe. Não se trata de ermissividade, porque tudo tem um limite. Só não absorva aquilo que não é seu!
Envie suas perguntas para Roberta Cerasoli pelo e-mail [email protected]
*ROBERTA CERASOLI (@adolepapo) é jornalista, roteirista, mãe de duas adolescentes e criadora do AdolePapo, site e página no Instagram e Facebook dedicada às mães e aos pais que buscam atravessar a fase da adolescência dos filhos com leveza, equilíbrio e acolhimento.