Os Jogos Olímpicos são o principal evento do esporte mundial. Em toda a sua história, eles só haviam sido interrompidos três vezes, em 1916, 1940 e 1944, devido às Guerras Mundiais. Após 124 anos, a versão de 2020 se tornou a primeira a ser adiada em razão de uma pandemia. Agora, os Jogos de Tóquio também vão fazer história por trazerem novas modalidades para o evento, como o surfe e skate.
Um ano depois do previsto, as atletas Tatiana Weston-Webb e Dora Varella dizem adeus ao distanciamento social e atravessams o mundo em busca de um título inédito e mundial nos Jogos que começam amanhã, sexta-feira (23).
REPRESENTANDO O BRASIL
Tatiana será uma das atletas que irá competir na primeira participação do surf nas Olimpíadas. Para a atleta, de 25 anos, representar o país tem uma carga e tanto.
“Todo mundo no Brasil tem muita paixão pelo surfe, especialmente porque estamos no topo do esporte, né? Sempre tem muito mais torcida do que todo mundo e isso vale muito. Você está tentando ganhar, não só por você, mas pelo país inteiro. Isso dá uma pressãozinha na minha cabeça”, afirma ela, aos risos, em entrevista à AnaMaria Digital.
Apesar do nervosismo, Tatiana afirma que a classificação foi um dos momentos mais especiais de sua carreira: “A sensação de ir para a primeira participação do surf nas Olimpíadas é incrível, tanto que fiquei sem palavras. Queria chorar, mas me segurei. É o sentimento de conquistar um objetivo que eu sempre tive na minha vida.”
Já para a skatista Dora Varella, de 19 anos, pensar no público de casa funciona como motivação.”Ao levar minha bandeira para este evento enorme, espero inspirar várias pessoas a praticarem esse esporte tão incrível”, diz.
Dora ainda explica que estar na competição faz passar um filme na sua cabeça. “Eu era fissurada em assistir as Olimpíadas na televisão quando era menor. Agora, estarei lá representando o meu país em um esporte que fará sua estreia nos jogos esse ano”, comemora.
ESTREIA DAS MODALIDADES
Para ambas, a chegada do surfe e do skate nas Olimpíadas pode significar uma nova fase para os esportes e também para aqueles que tentam viver das modalidades. ” Traz mais visibilidade e investimentos, tanto para os skatistas quanto em infraestrutura, abrindo uma nova porta para quem deseja seguir nesse esporte como profissão”, avalia Dora.
Já para Tatiana, ter o surf nas Olimpíadas muda todo o esporte, abrindo muitas portas para os novatos. “Mas quando falamos nos atletas, acho que só teremos mais uma grande missão para conquistar”, ressalta.
Vale lembrar que o Brasil se encontra em posição de destaque nas duas modalidades. Na competição de surfe, Tatiana enfrentará grandes nomes do esporte, como a australiana Stephanie Gilmore e a havaiana Carissa Moore. A delegação de skate também competirá com gigantes do cenário, disputando medalhas com atletas dos Estados Unidos e Japão, como Aori Nishimura e Momij Nishiya.
ATLETAS EM FORMAÇÃO
Justamente por este motivo, a preparação para o campeonato não foi fácil. Tatiana explica que, após sofrer uma lesão no início de 2020, os treinos para manter o ritmo até os jogos se intensificaram. “Comecei a treinar muito mais do que treinava antes na minha carreira. Sempre foquei bastante, mas a Covid me deixou uma atleta mais preparada, mudou a minha confiança e me deu ainda mais força. Não só nos pensamentos, mas no meu corpo também”, explica.
E, sim! A pandemia da Covid-19 mudou a rotina de treinos das esportistas. Dora relata que, por cerca de seis meses, precisou interromper as atividades. Depois disso, o jeito foi improvisar no quintal de casa até que pudesse retornar às pistas. “Voltei a andar seguindo todas as medidas de prevenção, indo apenas em locais particulares de amigos, andando de máscara e longe de aglomerações”, conta.
CUIDADOS COM OS ATLETAS
Quanto a competir durante a pandemia, as atletas ressaltam que se sentem seguras em disputar as Olimpíadas, uma vez que os organizadores do evento criaram um plano para cumprir os protocolos de segurança. “Estão tomando todas as precauções necessárias para evitar ao máximo qualquer chance de contaminação dos atletas ou a disseminação do vírus durante o evento”, explica Dora.
Segundo Tatiana, a vacinação dos esportistas foi um dos cuidados tomados. “Já estamos viajando o mundo inteiro seguindo esses protocolos e, para ajudar, já tomamos a vacina. Estamos bem preparados”, garante.
MULHERES NO ESPORTE
A surfista afirma ainda que, após uma luta pelo reconhecimento do surfe feminino, o esporte vive um momento especial, marcado pela legitimação do trabalho de tantas atletas. “As meninas sempre sofreram bastante por não ganharem o respeito que a gente merecia, mas agora, o surfe feminino tá crescendo e evoluindo muito”, celebra.
Otimista, Tatiana garante que as mulheres ainda promoverão mais mudanças no futuro. “Fazer parte dessa história é super especial pra mim e acho que só vai melhorar e evoluir ainda mais. Eu tô super grata por ser uma mulher que faz parte do nosso esporte”.
Dora relata que, no skate, as coisas funcionam de maneira parecida ao surfe. A campeã relembra que, no início, tinha muito menos colegas que disputavam na modalidade. “Era raro ver mulheres nas pistas de skate. Hoje, são vários os momentos em que chego na pista e ando com mais mulheres do que homens na sessão. É muito bom ver que a quantidade de mulheres praticantes aumentou muito”, comemora.
A jovem destaca que deseja fazer parte da transformação do cenário do esporte. “Obrigação de inspirar e incentivar essa nova geração a correr atrás dos seus sonhos sem medo e mostrar que conseguem ser o que quiserem”.