Partidos que compõem o Centrão decidiram consultar suas bancadas sobre a adesão a um possível pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). De acordo com a CNN, a reação aconteceu após o discurso inflamado do presidente em São Paulo (SP), na última terça, 7 de setembro.
Em sua fala, Bolsonaro ameaçou não acatar as decisões judiciais de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal, ressaltando ainda que só vai aceitar eleições com contagem pública dos votos. “Ou o chefe desse poder enquadra o seu ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos”, afirmou Bolsonaro.
Segundo o revelado na reportagem, após tais ameaças golpistas, líderes de partidos como Solidariedade, MDB e o PSDB afirmaram que irão debater uma possível abertura para o pedido de impeachment.
“TOM GOLPISTA”
As manifestações promovidas pelo presidente Jair Bolsonaro no Dia da Independência do Brasil foram o principal tema do Jornal Nacional na mesma noite. Ao noticiar os movimentos, William Bonner não poupou críticas ao político e às propostas antidemocráticas levantadas pelos manifestantes.
Logo na escalada, quando são apresentadas as principais notícias da edição, o jornalista já deixou claro o seu parecer sobre os atos. “O desrespeito à democracia com as cores da nossa bandeira (…) Em tom golpista, o presidente discursa diante dos manifestantes em Brasília e em São Paulo”, começou Bonner, ao lado de Ana Luíza Guimarães.
O apresentador manteve o tom incisivo ao comentar as manifestações em outros momentos do telejornal. “O Brasil assistiu hoje a uma demonstração de desprezo pela Constituição, promovida e insuflada pelo presidente da República. Em diversas cidades, milhares de bolsonaristas participaram de atos com pautas que afrontam a democracia, como a intervenção militar e a destituição de ministros do Supremo Tribunal Federal”, destacou.
Em seguida, disparou: “Em Brasília e em São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro discursou. Voltou a atacar governadores e prefeitos que tomaram medidas de combate à disseminação do coronavírus. Voltou a atacar integrantes do STF. Voltou a atacar o sistema eleitoral brasileiro. E no dia da independência, Bolsonaro elevou a temperatura da crise institucional que ele mesmo criou e tem alimentado”.
Vale pontuar que diversos juristas e comentaristas políticos classificam as falas de Jair Bolsonaro durante as manifestações como crime de responsabilidade ao afrontar princípios constitucionais, como ao dizer que não vai cumprir decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.