Ver que os filhos não querem algo tão fundamental como a liberdade não é algo natural. É ainda mais complicado se pensarmos na depressão como um inimigo silencioso, que se instala sem que se perceba, já que nessa fase normalmente adolescentes se retraem e não compartilham com os pais os sentimentos. Já a ansiedade, aparece como um aviso de que algo não vai bem. Irritação, isolamento emocional, tristeza, tensão podem ser sinais.
Segundo pesquisas, 40% das crianças e adolescentes apontam problemas emocionais devido ao isolamento e, agora, o desafio é voltar à vida normal, retornar para a escola numa realidade totalmente diferente da atual. Uma pessoa nessa fase muda demais nos aspectos mental e físico. Entretanto, ainda tem outra coisa: a síndrome da cabana, que tem a ver com a obrigatoriedade de uma pessoa ficar um longo período em isolamento social.
Esse termo não é novidade. Ele vem lá do ano 1.900 e foi criado para explicar sintomas de indivíduos que viajavam para lugares distantes para caçar, ficando isolados por longos períodos, da família e sociedade. Ao retornarem, não conseguiam retomar a rotina anterior, e desenvolviam fobia, medo exagerado de sair de casa e encontrar pessoas.
Então, depois de tanto tempo ‘protegido’ em casa, como seu filho agora vai se expor de novo na rua, às críticas e rejeições? Não rotule as atitudes dele como preguiça ou não querer estudar. Estimule-o a ir para a escola, mas também se conecte com seus sentimentos e até identifique uma possível fobia de sair de casa. Isso irá ajudá-lo a voltar mais rapidamente a uma vida normal – ou ao mais próximo possível disso.
Por fim, além da ansiedade, medo de sair de casa e depressão, alterações no sono e até aumento de apetite por alimentos gordurosos e carboidratos podem sinalizar que algo está errado na vida do seu filho.
Logo, para prevenir problemas de saúde mental, boas dicas são: procurar acompanhamento médico, respeitar uma rotina, tirar um tempo para fazer o que gosta, conversar com amigos por vídeo, fazer as refeições à mesa com a família e praticar atividade física.
*Roberta Cerasoli é jornalista, educadora parental, roteirista, mãe de duas adolescentes e criadora do AdolePapo, site e página no Instagram e Facebook dedicada às mães e aos pais que buscam atravessar a fase da adolescência dos filhos com leveza, equilíbrio e acolhimento.