Além de seu imensurável talento e carisma, a morte de Marília Mendonça comoveu o público especialmente pelo fato de que a ‘Rainha da Sofrência’ deixou um filho de apenas um ano e dez meses, Léo. O menino é fruto do relacionamento da cantora com Murilo Huff, com quem permaneceu durante quatro anos, entre idas e vindas.
Após o trágico acidente, que aconteceu na última sexta-feira (5), Murilo deu uma entrevista ao ‘Fantástico’ em que falou sobre o futuro do herdeiro. “Ele é muito pequenininho para entender. Vai chegar um momento em que vai sentir falta dela, mas pelo menos essa dor que a gente está sentindo ele não vai sentir”, afirmou.
Quanto à memória da mãe, o cantor e compositor deixou claro que não permitirá que Marília seja esquecida pelo único filho: “Não vai ser fácil, mas tem que ser forte. Vou falar todo dia o quanto ela é amada pelo Brasil inteiro e o quanto ela é uma filha, mulher e artista excepcional. Ele (Leo) é um pedacinho dela que ficou”.
Não existe uma fórmula mágica ou um manual sobre como agir em situações de luto infantil. Para a psicóloga Gabriela Luxo, mestre e doutora em Distúrbios do Desenvolvimento, uma abordagem lúdica e paciente pode ser o melhor caminho ao explicar a perda de um parente próximo às crianças.
COMO CONTAR?
Primeiro, é preciso entender que, a depender da idade, o conceito da morte é muito subjetivo para as crianças. “Elas vão começar a entender melhor isso quando já tiverem todas as noções emocionais e cognitivas um pouco mais elaboradas, que é por volta dos seis ou sete anos”, ressalta Gabriela.
A partir disso, a especialista recomenda apostar em analogias, como ‘virou uma estrelinha’ ou ‘foi para o céu’ para introduzir o assunto na vida da criança. Entretanto, vale destacar que esse é apenas um ponto de partida e não deve-se alimentar esperanças de que a pessoa que se foi estará de volta em algum momento.
“É muito difícil, mas o principal é conseguirmos passar para essa criança uma postura firme. É sempre importante transmitir uma mensagem de segurança, de que está tudo bem e de que esse adulto vai conseguir contornar essa situação para ela”, destaca.
Em casos como o de Léo, que é muito pequeno para entender a morte da mãe, brincadeiras, atividades e historinhas que abordam a perda de parentes também são bem-vindas – além de uma boa dose de carinho e acolhimento dos mais próximos. Já quando a criança estiver maior, a recomendação é estar preparado para responder suas perguntas com clareza, porém sem perder a delicadeza.
Gabriela Luxo destaca que a elaboração dos sentimentos da criança em relação ao luto deve ser constante, não apenas nos dias consequentes à morte, uma vez que elas não se expressam da mesma maneira que os adultos. “Não é algo para ser lidado de uma forma pontual e precisa de uma base maior, porque essa criança precisa passar por esse processo de compreensão”.
QUANDO PROCURAR AJUDA?
O auxílio de um psicólogo infantil também pode ser fundamental na hora de lidar com o luto, especialmente diante da perda de alguém muito próximo, como a mãe ou o pai. Algumas características que podem indicar a necessidade de um profissional, segundo Gabriela, são desânimo ou mudanças bruscas de comportamento.
“Sempre que essa criança começa a apresentar um comportamento diferenciado do padrão, comparado com ela mesma, é um bom momento para procurar ajuda. Toda regressão ou, até mesmo, comportamentos que ficam mais intensos demonstram que alguma coisa está fora de conexão e que é preciso buscar um auxílio infantil – mesmo se a criança for muito pequena”, explica.